TERRORISMO: Atentados em igrejas católicas e hotéis no Sri Lanka deixam mais de 200 mortos neste Domingo de Páscoa
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Pelo menos 207 pessoas morreram e cerca de 450 ficaram feridas, neste domingo (22), após uma série de explosões registradas em três igrejas e hotéis de luxo no Sri Lanka , onde a minoria cristã comemorava o Domingo de Páscoa. O governo decretou um toque de recolher por tempo indeterminado a partir das 18h no horário local (9h30m, em Brasília) e bloqueou a internet. Oito pessoas foram presas por suposta ligação com os ataques.
Seis explosões ocorreram por volta das 8h45m (horário local), em três hotéis de luxo em Colombo — Cinnamon Grand, Kingsbury e Shangri-La — e em três igrejas: a de Santo Antônio, em Colombo; a de São Sebastião, em Negombo; e a terceira em uma igreja de Batticaloa, no Leste da ilha. Horas depois, mais duas explosões ocorreram: um homem-bomba matou três policiais em um prédio em Orugodawatta, subúrbio da capital, e outro kamikaze se explodiu em uma casa de hóspedes. A polícia acredita que eles estavam fugindo após praticar os atentados ocorridos pela manhã.
Nenhum grupo extremista assumiu a autoria dos ataques, mas o ministro da Defesa, Ruwan Wijewardene, disse que os culpados foram identificados e eram extremistas religiosos. A polícia do país tinha feito há dez dias um alerta de terrorismo, a partir de uma informação de que poderia estar sendo preparado um ataque “com características jihadistas”.
Após os atentados, o Papa Francisco condenou a “violência cruel”. Os ataques contra minorias religiosas vêm se repetindo na ilha, onde os cristãos representam apenas 7% da população.
— Quero expressar minha sincera proximidade com a comunidade cristã (do Sri Lanka), ferida enquanto se reunia em oração, e a todas as vítimas de tal violência cruel — disse Francisco enquanto fazia a bênção de Páscoa diante de milhares de fiéis na Praça de São Pedro, no Vaticano.
O budismo Theravada é a maior religião do Sri Lanka, com adesão de cerca de 70,2% da população de quase 21 milhões de habitantes, segundo o censo mais recente. Hindus e muçulmanos compõem 12,6% e 9,7% da população, respectivamente. O país é também o lar de cerca de 1,5 milhões de cristãos, segundo o censo de 2012, a grande maioria deles católica romana.
Nos últimos anos, vem crescendo o extremismo budista, alimentado por monges radicais. Os ataques às minorias religiosas aumentaram — particularmente contra a comunidade muçulmana — no rastro do temor da maioria cingalesa, instrumentalizado pelos extremistas, de que os grupos minoritários estão expandindo seus números e ganhando influência. O aumento da violência alcançou seu ponto mais alto em março de 2018, quando o governo decretou estado de emergência por dez dias, pela primeira vez desde 2011, depois de uma série de confrontos entre muçulmanos e budistas, que deixaram três mortos.
Neste domingo, o governo decretou um bloqueio temporário das redes sociais para evitar a disseminação de “informações incorretas e falsas” sobre a onda de ataques, e o primeiro-ministro Ranil Wickremesinghe convocou uma reunião do Conselho de Segurança Nacional em sua casa para o final do dia. “Condeno veementemente os ataques covardes contra nosso povo hoje. Apelo a todos a permanecerem unidos e fortes”, postou no Twitter.