Queda de braço e ciumeira: Entenda as divergências entre os ministros da Justiça e da Defesa e onde vai dar essa ‘queda de braço’

Queda de braço e ciumeira: Entenda as divergências entre os ministros da Justiça e da Defesa e onde vai dar essa ‘queda de braço’

Por Edmilson Pereira - Em 2 anos atrás 632

Há 4 dias, o país parou para acompanhar os ataques terroristas ocorridos em Brasília, fruto de atos antidemocráticos por parte de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O resultado do acontecimento, entre prisões, decreto de intervenção federal e acervos destruídos em prédios dos Três Poderes, também conta com saldo de críticas para a gestão de segurança no Brasil, incluindo, os serviços de inteligência do governo federal.

O maranhense Flávio Dino, ministro da Justiça, e o pernambucano José Múcio, da Defesa, parecem estar em dois lados diferentes na gestão com Luiz Inácio Lula da Silva (PT): enquanto o primeiro sai como protagonista no governo e aciona recursos para conter os atos golpistas, o segundo chama de ‘democracia’ e diz ter parentes envolvidos.

Segundo aliados revelaram ao Globo, ambos ministros perderam pontos com Lula diante do acontecimento. Entenda, em 4 pontos, o perfil de cada um e a queda de braço que acontece desde antes da nomeação dos ministros em janeiro de 2023:

Múcio, da Defesa, é muito próximo de militares

José Múcio já foi deputado e, inclusive, ministro de Lula, e dialoga com civis e militares, conservadores e progressistas. No discurso de posse como ministro da Defesa, destacou o papel das Forças Armadas como instituições de Estado que respeitam seu papel constitucional e são regidas por hierarquia e disciplina.

Conforme mostrou o perfil de Múcio no Estadão, o engenheiro é cortejado por Bolsonaro, bem visto pelos militares, é tido como amigo de Lula e ex-defensor de Roberto Jefferson. “Um perfil adequado, na avaliação tanto do entorno do presidente eleito quanto na caserna, para pacificar a relação entre o grupo político do PT e as Forças Armadas”.

Na semana passada, Múcio afirmou que os atos em Brasília seriam democráticos – e errou 

Em sua primeira semana como ministro, Múcio já teve prognóstico errado: disse que os acampamentos de apoiadores de Jair Bolsonaro nas imediações de instalações militares iriam se esvair após a chegada da nova gestão. Ele classificou os atos como “manifestação da democracia” e chegou a dizer que tem amigos e parentes no movimento.

O novo ministro minimizou os acampamentos de bolsonaristas nas imediações de instalações militares, apesar de ter sido desses locais que saíram pessoas envolvidas em atos de vandalismo em Brasília e até na tentativa de explodir uma bomba no aeroporto de Brasília.

Segundo a colunista Mônica Bergamo, Lula avalia que faltou ‘pulso’ a Múcio para lidar com as ameaças, mesmo antes dos ataques terroristas ocorridos em Brasília no último dia 8.

André Janones, aliado de Lula e do PT, anunciou em rede social que Múcio entregaria uma carta de renúncia ao cargo, e o boato repercutiu na internet. O ministro, porém, negou as informações.

Dino vem ganhando protagonismo no governo

No comando da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino vem ganhando destaque na gestão de Lula. Antes da posse, o ministro já estava mostrando fortes movimentos com a segurança do evento que aconteceria no dia 1 de janeiro de 2023, comandando investigações a respeito de ameaças de bombas em Brasília, por exemplo.

Diferentemente de Múcio, Dino já declarava, antes de assumir a pasta, que pretendia investigar atos antidemocráticos envolvendo bolsonaristas na frente de quartéis. Enquanto o chefe da Defesa fala em amizades nos acampamentos, Dino já se referia aos atos como “suposta guerra que impatriotas dizem querer fazer em Brasília”

No sábado, véspera do ataque aos Três Poderes, ele assinou uma portaria que autorizava a atuação da Força Nacional em Brasília diante de “ameaças veiculadas contra a democracia”.

Lula subiu o tom com militares  

Uma das reações de Lula ao ocorrido em Brasília foi endurecer a crítica aos militares. Ele afirmou que houve falta de resposta das Forças Armadas aos acampamentos bolsonaristas. “As pessoas estão livremente reivindicando o golpe na frente dos quartéis, e não foi feito nada por nenhum quartel, nenhum general se moveu para dizer que não pode acontecer isso, é proibido pedir isso”, afirmou Lula.

“Dava a impressão de que tinha gente que gostava quando o povo estava clamando pelo golpe”, disse o presidente durante reunião com aliados.