Promovida pela Faepa, professor Carlos Molion profere palestra na Asplan sobre “Perspectiva do clima para 2020 e sua tendência para os próximos 10 anos”

Promovida pela Faepa, professor Carlos Molion profere palestra na Asplan sobre “Perspectiva do clima para 2020 e sua tendência para os próximos 10 anos”

Por Edmilson Pereira - Em 5 anos atrás 846

Um dos mais conceituados meteorologistas do país, o professor e pesquisador da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), bacharel em Física pela USP, PhD em Meteorologia pela Universidade de Wisconsin (USA) e pesquisador aposentado do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE/MCT), Luiz Carlos Baldicero Molion, realizou palestra em João Pessoa, na manhã dessa quarta-feira (19), no auditório da Associação dos Plantadores de Cana da Paraíba (Asplan).  O professor Molion  falou sobre “Perspectiva do clima para 2020 e sua tendência para os próximos 10 anos” e trouxe boas noticias para quem vive da agricultura na Paraíba, dentre elas, a que não haverá fenômenos como o El Niño em 2020, ou seja, será um ano de boas chuvas, e que os oceanos estão, na realidade, resfriando-se devido a uma oscilação natural de temperatura das águas. Molion prevê um período de seca severa apenas em 2034.

O evento foi promovido pela Asplan, em parceria com Federação da Agricultura e Pecuária da Paraíba (Faepa). Na sua abertura, o presidente da Asplan, José Inácio de Morais, falou de sua satisfação em receber o renomado Molion. “Estamos muito honrados de ter o pesquisador e professor Molion aqui conosco para que possamos ter uma perspectiva do nosso cenário hoje e para um futuro próximo. O produtor precisa de informação e clima é uma questão que nos afeta diretamente”, comentou José Inácio, acrescentando que o tema é importante para que se desmistifique as informações que sempre existem acerca do aquecimento global e que impõem uma série de medidas à classe produtora que impactam diretamente na economia do país.

Não é novidade que o aquecimento global é um tema que vem moldando a política energética mundial. O dióxido de carbono (CO²) é apontado por um amplo time de cientistas como um dos responsáveis pelo aumento da temperatura no planeta e há em todo o mundo um movimento para eliminar ou diminuir o uso dessas fontes. Contudo, Molion é um dos especialistas que contestam a relação entre o CO² e a elevação dos termômetros. Em sua palestra, ele apresentou seus argumentos. “2019 foi o primeiro ano em que a taxa de CO² na atmosfera não aumentou. Imagine o efeito da cerveja choca. Quando está gelada ficam os gases ali em cima. É o CO². Quando está quente, fica sem o gás. Isso porque ela quente, libera o gás. Ou seja, no oceano também é assim. Ele quente, libera o CO² produzido, inclusive, pelas algas e quando frio ele aprisiona o gás. Então, não é o gás que aquece, mas o aquecimento que libera o gás”, explicou Molion.

O pesquisador afirmou que existe uma oscilação natural baseada nos dados históricos e que, coincidentemente, todas as vezes em que o Pacífico se esfria ou se aquece, há um resfriamento ou aquecimento da temperatura do ar.  Agora, por que as águas do Pacífico variam de temperatura? A resposta pode estar na formação de nebulosidade. Segundo Molion, o sol deve entrar em um mínimo de atividade a partir de 2020. Ele foi registrado no final do século 18 e início do século 19. Também foi verificado o final do século 19 e início do século 20. Ocorre que, com o sol em baixa atividade, seu campo magnético também reduz e a terra deixa de ser protegida, permitindo que uma maior quantidade de partículas de alta energia entrem na atmosfera, chocam-se e funcionando como núcleos de condensação, contribuindo para aumentar a cobertura de nuvens.

“Quando a quantidade de nuvens é maior, ela funciona como uma cortina, impedindo que radiação entre no planeta. O que temos é a perspectiva de que nos próximos 10 a 12 anos o planeta vai esfriar”, disse Molion, destacando que desde 1983, que estimam a cobertura de nuvens. O que foi observado foi que a cobertura global de nuvens diminuiu de 1983 até 1999/2000, quando se chegou a um mínimo e a terra aqueceu. “Agora, ele está resfriando e os próximos 10 anos serão de mais chuvas em volume – 2.060 a 450 mm/ano na Paraíba, e menos dias de chuva,”, comentou.

O presidente da Associação Brasileira de Meteorologia, Rômulo da Silveira, afirmou que as previsões de Molion são acertadas e que ele é um profissional respeitadíssimo. “São polêmicas as suas afirmações porque existe um discurso midiático por traz do que Molion combate e que baliza tudo no sentido de politicas públicas conservadoras. Mas, elas estão limitando o nosso desenvolvimento econômico, nossa agricultura fica engessada com base em especulações de que o CO² aumenta a temperatura. Isso é mito”, disse Rômulo.

Previsões 2020

Sendo assim, o pesquisador contesta, por exemplo, o aparecimento do fenômeno El Niño em 2020. Ele identificou que o Pacífico está neutro agora e que existem 64% de chance de assim continuar. Os erros de previsão, segundo ele, acontecem, porque os modelos aplicados pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, órgão da Organização das Nações Unidas (ONU) possuem lacunas e fragilidades no seu rigor científico e servem mais a interesses geopolíticos e econômicos. “Durante todo o período chuvoso da Paraíba, que vai de abril até julho, teremos o Pacífico neutro”, frisou Molion.

De acordo com seus dados, em 2020, a média de chuvas na Paraíba será de 1.600 mm/ano podendo até ficar acima dessa média em 10%, segundo sua dinâmica de observação por similaridade. Os meses de janeiro e fevereiro de 2020 choveram um pouco, segundo Molion, devido ao inverno dos Estados Unidos, em que a massa polar chega ao Nordeste brasileiro. O mês de março deve ficar só uns 60 mm acima da média. “Como 2019 foi um ano excepcionalmente seco, o solo ainda tem um déficit de umidade de 8 a 10 mm. Já março deve ser um mês melhor. Deve chover, inclusive, acima da média. Esse ano de 2020 é um ano parecido com 2003”, frisou.

Em abril, o produtor também pode aguardar um mês bom de chuvas. Maio em torno da média para o período. Julho com chuvas abaixo da média e julho um pouco acima. Já a partir de agosto até dezembro a tendência é redução da precipitação, como todos os anos.

Seca severa só em 2034

Para finalizar sua palestra, Carlos Molion deixou alguns recados. Ele afirmou que a tendência para os próximos 10 anos é de que haja um aumento na média de chuvas. “A tendência não é passar por seca severa. Será um pouco mais de chuva e a volta das trovoadas. A 92% das trovoada entre dezembro e março. Trovoada, ventos fortes. Nos invernos pode ter até uma nevoa com orvalho. O pacifico resfriando, os nossos amigos fora dos trópicos vão sofrer”, salientou o palestrante, prevendo uma seca mais severa apenas em 2034. “dentro de 4 a 5 anos durará. Será severa mesmo”, disse ele, adiantando que uma boa saída é fazer dessalinizações da água do mar e o uso de cisternas para irrigação.

Como já anunciado, é preciso que os governos se organizem para enfrentar uma possível seca na próxima década. Como as questões ligadas ao aquecimento global são cíclicas, não há motivo para politicas públicas restritivas, de acordo com Molion. O modelo de gestão da questão ambiental pode estar impedindo regiões do país de se desenvolverem com legislações restritivas que se comprometem com metas internacionais.

Para o superintendente do Senar Paraíba, Sérgio Martins, a palestra foi excelente do ponto de vista da informação que o produtor rural precisa para planejar sua atividade. Além disso, Sérgio destacou o ponto politico do tema. “Foi interessante ele desmistificar a ideia ambientalista de que o CO² é responsável pelo aquecimento global. Durante muitos anos crucificaram o produtor, por exemplo, que fazia a queima de sua cana. Vê-se que não é esse o problema”, disse Sérgio, agradecendo todos pelo incentivo ao conhecimento para que “se produza melhor e a sociedade possa ter uma melhor alimentação também”.

Além de Sérgio, o Coronel Ferreira, que trabalhou com Molion em 1983 em um Congresso Internacional de Dessalinizadores, disse que o pesquisador é convicto do que fala. “Desde 1985 que ele já falava sobre isso, pesquisou, foi a fundo na questão e nunca mudou seu discurso”, disse o Coronel, que fez questão de prestigiar a palestra na Asplan. Além dele, estiveram presentes diversos produtores, industriais, estudantes e representantes de órgãos ligados à agricultura na Paraíba.