Projetando um cenário inflacionário, Banco Central mantém taxa básica de juros em 13,75% e alerta sobre cenário fiscal
Por Edmilson Pereira - Em 2 anos atrás 438
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (07) manter a taxa básicos de juros da economia, a Selic, em 13,75% ao ano. A cada 45 dias, o Copom define a taxa básica de juros da economia. Essa é a quarta vez consecutiva em que o comitê se reúne e fixa a Selic nesse patamar, em vigor desde agosto.
Por conta da alta da inflação, o BC subiu os juros entre março de 2021 e agosto deste ano. Foram 12 elevações seguidas da taxa Selic, que avançou 11,75 pontos percentuais, configurando o maior e mais longo ciclo de alta desde 1999, ou seja, em 23 anos.
O ambiente de maior incerteza hoje em relação à última reunião do Copom se dá pelas discussões em torno da “PEC da Transição”, aprovada em discussão no Congresso e que tem hoje um impacto de R$ 168 bilhões em despesas acima do teto de gastos (que trava as despesas federais).
No comunicado, o Copom alerta para os riscos fiscais. “O Comitê acompanhará com especial atenção os desenvolvimentos futuros da política fiscal e, em particular, seus efeitos nos preços de ativos e expectativas de inflação, com potenciais impactos sobre a dinâmica da inflação prospectiva”, afirma.
Segundo o documento, entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se “a elevada incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal do país e estímulos fiscais adicionais que impliquem sustentação da demanda agregada, parcialmente incorporados nas expectativas de inflação e nos preços de ativos”.
O Copom também alerta que a conjuntura, particularmente a incerta no âmbito fiscal, “requer serenidade na avaliação dos riscos”.
O BC também se mostrou preocupado com a manutenção dos cortes de impostos projetados para serem revertidos em 2023. O corte de impostos com maior impacto é o do tributo sobre os combustíveis, que vencem no fim deste ano, embora haja espaço no Orçamento para renová-lo.
O comunicado também frisa que o ambiente externo mantém-se adverso e volátil, marcado pela perspectiva de crescimento global abaixo do potencial no próximo ano, alta volatilidade nos ativos financeiros e um ambiente inflacionário ainda pressionado.
Fonte: Jornal O Globo
Foto: Divulgação