O senhor acredita que haja uma escalada de violência no nosso cenário político?
A gente tem assistido a uma escalada de violência, independentemente dos atos concretos. Temos assistido à violência na comunicação, à violência nos discursos e, agora, começamos a assistir ao resultado disso que é a violência em atos que levam a morte de pessoas. Isso nunca começa com atos propriamente de violência física, mas começa com discursos que negam o outro. Isso foi uma constante na ascensão do nazismo, uma constante na ascensão dos discursos eugenistas, racistas, e agora a gente assiste a isso na cena política brasileira.
Essa escalada tem relação com a polarização que a gente tem visto na nossa política?
Isso faz parte do que hoje a gente assiste no mundo. A polarização é uma tônica do que a gente assiste no mundo todo e, de uma maneira geral, o Brasil acaba maximizando isso. O problema da polarização não é você ter divergências antagônicas com o outro. É você negar reconhecimento e validade no outro. Você achar que o outro tem de ser aniquilado. E isso, infelizmente, virou uma tônica no jogo político nacional.
Os discursos mais violentos estão presentes em todos os lados da polarização?
Isso está presente em todos os lados. A única diferença é que talvez um lado tenha mais meios para agir de forma fisicamente violenta, pela violência, pela maior liberdade que tem para agir com armas do que o outro lado. Mas o discurso é igual nos dois polos.
Fonte: Paraíba Notícia e o Estadão