PF aumenta equipe da Lava-Jato para encerrar investigações até as eleições
Por Edmilson Pereira - Em 7 anos atrás 873
Polícia Federal aumentou a equipe que atua nos inquéritos abertos contra políticos no Supremo Tribunal Federal (STF), inclusive os da Lava-Jato, com o objetivo de concluir as investigações antes das eleições majoritárias, marcadas para outubro. Eram 53 servidores responsáveis pelas apurações. Agora, serão 85. O número de delegados saltou de nove para 17. Os agentes passaram de 34 para 51. E os escrivães, que eram dez, agora são 17. As novas nomeações foram autorizadas pelo diretor-geral da PF, Fernando Segovia, para aumentar o efetivo do Grupo de Inquéritos (GINQ).
Pela contabilidade da PF, há 273 inquéritos tramitando no STF contra autoridades com direito ao foro privilegiado. Desses, 124 investigações compõem a Lava-Jato. Pela Constituição Federal, são processados e julgados na mais alta corte do país deputados federais, senadores, o presidente da República e ministros do Tribunal de Contas da União (TCU).
Em dezembro, Segovia tinha anunciado essa medida ao juiz federal Sérgio Moro, que conduz a Lava-Jato na primeira instância em Curitiba. Ele também tinha tratado do assunto com a presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, que vem cobrando publicamente mais agilidade nas investigações contra políticos.
Um dos gargalos que implicam na demora das investigações é justamente a atuação da PF e da Procuradoria-Geral da República (PGR). Desde o início da Lava-Jato, enquanto as duas instituições trabalham em parceria em Curitiba, as disputas são frequentes em Brasília – especialmente pela diferença nos métodos de atuação dos investigadores dos dois órgãos. A interlocutores, a ministra Cármen Lúcia tem reclamado do excesso de prazo da PF para encerrar apurações e da demora da PGR em dar as diretrizes das próximas diligências.
Com a equipe maior, a PF deve apresentar nos próximos meses relatórios finais em investigações politicamente importantes – como o inquérito sobre o presidente Michel Temer e seus aliados. Temer é suspeito de cometido corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ele teria beneficiado a Rodrimar no porto de Santos em troca de propina. A investigação foi instaurada no dia 12 de setembro pelo ministro Luís Roberto Barroso a pedido do então procurador-geral da República Rodrigo Janot. O caso tem origem na delação da JBS. Temer nega as suspeitas.
Também são alvos de apurações do GINQ os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil), Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência da República), Gilberto Kassab (Comunicações, Ciência e Tecnologia) e Aloysio Nunes (Relações Exteriores). Há também inquéritos contra os senadores Aécio Neves (PSDB-MG), José Serra (PSDB-SP), Romero Jucá (PMDB-RR), Eunício Oliveira (PMDB-CE) e Renan Calheiros (PMDB-AL). Entre os investigados da oposição, estão os senadores Gleisi Hoffman (PT-PR) e Jorge Viana (PT-AC).
O GINQ continua dentro da diretoria de Combate ao Crime Organizado (Dicor), comandada pelo delegado Eugênio Ricas. O Dicor integra a Coordenação de Combate à Corrupção, chefiada pelo delegado Josélio de Azevedo.