Perícia da PF liga propina a prédio para Instituto Lula em São Bernardo
Por Wamberto Ferreira - Em 7 anos atrás 919
A Polícia Federal identificou pagamentos saídos da contabilidade de propinas da Odebrecht sob o codinome “Beluga” e que teriam tido como destinatários os proprietários do imóvel adquirido pela empreiteira para ser a sede do Instituto Lula e Glaucos da Costamarques, dono da cobertura vizinha à do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em São Bernardo do Campo. A informação faz parte da perícia realizada em relatórios dos sistemas de contabilidade paralela da Odebrecht, “Drousys” e “MyWebDay”, entregue nesta sexta-feira à Justiça Federal de Curitiba.
Os pagamentos com o codinome Beluga, de acordo com a PF, tiveram ainda como beneficiários as offshores Beluga Holdings LTD, Jaumont Services Limited, a DAG Construtora.
Para a PF, “o codinome Beluga foi utilizado para controlar dispêndios relativos ao imóvel”. Os valores foram repassados a Glaucos Costamarques pela DAG Construtora, que, segundo delatores da Odebrecht, comprou o prédio para ocultar a participação da empreiteira no negócio.
O valor total retirado da conta de propina sob o codinome seria de R$ 1,034 milhão, e Glaucos da Costamarques teria recebido R$ 800 mil por meio da DAG.
Segundo a perícia, 99,966% dos arquivos contidos nos sistemas estão íntegros. Foram encontradas inconformidades em 0,034% do total. Os peritos afirmam que a sofisticação e nível de detalhamento que constam dos relatórios revelaram uma gestão profissional e minuciosa dos desembolsos efetuados pelo departamento de propina da empresa, chamado de Setor de Operações Estruturadas.
A defesa de Lula afirma que a cobertura usada pelo ex-presidente é alugada de Glaucos da Costamarques. Glaucos, no entanto, disse em depoimento que nunca recebeu aluguel. O Instituto Lula nunca usou o prédio comprado pela Odebrecht em nome da DAG, e, em depoimento, Lula afirmou que chegou a visitar o imóvel, mas considerou a localização inadequada e, por isso, não aceitou.
O juiz Sergio Moro deu prazo de 15 dias para a defesa de Lula e para o Ministério Público Federal analisarem os arquivos periciados.
Dados destruídos
Os peritos da PF identificaram também destruição de arquivos da contabilidade paralela da Odebrecht no dia 22 de junho de 2015, três dias depois da prisão do empresário Marcelo Odebrecht pela Lava-Jato.
Os comandos de destruição foram dados às 14h13 e foram identificados histórico de conexão remota em horário próximo por um endereço de IP hoje vinculado a uma operadora de telecomunicações.
A PF sugere que seja feito pedido judicial à operadora pelos registros históricos de alocação de endereços IP nas datas e horários indicados, o que poderá ajudar a localizar o responsável pelas conexões registradas e, por consequência, pela destruição dos arquivos.