Nordestino Italo Ferreira faz história e é o primeiro medalhista de ouro do surfe para o Brasil

Nordestino Italo Ferreira faz história e é o primeiro medalhista de ouro do surfe para o Brasil

Por Edmilson Pereira - Em 3 anos atrás 579

Italo Ferreira representa uma parte do Brasil muitas vezes invisível. A pessoa de origem humilde, que vive do mar, que não tem nele um lazer, mas sim a sobrevivência. Filho de pai pescador no Rio Grande do Norte, começou a surfar com o isopor que servia para conservar os peixes, fruto do trabalho do dia a dia. Italo se diverte no mar, mas a gratidão será sempre num nível maior, no sentido de existir.

O brasileiro se tornou o primeiro campeão olímpico do surfe ao derrotar o japonês Kanoa Igarashi (15.14 contra 6.60). Uma vitória que tirou lágrimas do atual campeão do circuito mundial do surfe.

– Eu vim com uma frase para o Japão. Diz amém que o ouro vem. Deus realizou meu sonho. Ele me deu a oportunidade de fazer o que eu amo, ajudar as pessoas, ajudar minha família. Fui para dentro do mar e me diverti – afirmou, muito emocionado: – Estou muito feliz, é um dia incrível, especial. Lutei muito para isso. Acreditei que isso poderia acontecer.

Italo conquistou a medalha de ouro em cima do surfista que eliminou Gabriel Medina na semifinal. A estratégia do agora campeão olímpico foi diferente da que adotou durante toda a competição. Em vez dos aéreos, o brasileiro investiu em passar mais tempo nas ondas, com raspagens, manobras que geralmente rendem menos pontos, mas que foram bem avaliadas pelos juízes.

Rapidamente ele abriu vantagem na liderança. Igarashi claramente ficou frustrado e não conseguiu surfar. O desempenho foi ruim. Italo Ferreira levou a bateria final com segurança.

No começo, porém, veio o susto. Na primeira onda que tentou surfar, ele ficou sem prancha, que quebrou. A equipe brasileira correu para fazer a troca. Italo voltou para o mar para fazer história.

Antes, após conseguir a vaga na final, admitiu que vinha competindo no Japão lesionado. Mesmo com dores na perna, conseguiu a primeira medalha para o esporte brasileiro nos Jogos de Tóquio.

– Eu vi o pessoal do skate mandando muito bem. Estava torcendo muito para a Fadinha, para o outro moleque, o Kelvin. Pensei que teria então de ser comigo, o primeiro ouro do Brasil. Foi o que aconteceu. Entrei para a história.

Medina fica sem medalha– Gabriel Medina mostra seus diferentes estados de humor ao fim de uma boa onda. Até a semfinal do surfe olímpico, a cada aéreo bem executado, ele terminava a onda como se estivesse brincando. Por vezes, mandou beijos, outras vezes gesticulou como estivesse esperando elogios vindos da areia. Na decisão do terceiro lugar, contra o australiano Owen Wright, depois de ficar fora da disputa do ouro, o brasileiro acertou uma manobra bonita e comemorou com os punhos cerrados, com raça, passando seriedade.

O problema é que sua manobra favorita perdeu o encanto ao longo das baterias nos Jogos Olímpicos. O bicampeão mundial, atual líder do ranking, ficou sem medalha, mesmo depois de ficar com a prancha por alguns segundos no ar. O resultado é a maior decepção brasileira nos Jogos até o momento.

Owen Wright foi quem levou o bronze em uma bateria equilibrada. Sem aéreos, menos performático, mais eficiente. Ele ficou com a primeira medalha olímpica da história do surfe com 11.97. A nota de Gabriel Medina foi 11.77.

– Eu fui bem, infelizmente não deu – lamentou Gabriel Medina. – Agora é voltar para casa e descansar.

Questionado a respeito das notas controversas que recebeu na semifinal e na disputa pelo bronze, afirmou:

– É triste quando acontece. Muitos mandaram mensagem, falando das notas. É difícil passar o ano se esforçando, treinando, e passar por isso. É continuar trabalhando, tinha de ser assim. Aconteceu tanta coisa que o que vier é lucro. Vou tentar fazer o meu.

Foi o fim melancólico para uma passagem que desde o início foi cercada por polêmica. Gabriel Medina tentou levar a mulher, Yasmin Brunet, para acompanhá-lo no Japão, mas não conseguiu credenciá-la como membro de sua comissão técnica. O assunto ganhou as redes sociais, com surfista e modelo reclamando do veto.

Fonte: Paraíba Notícia e o Globo