MPF cobra do governo da PB definição de políticas públicas para as comunidades atingidas pela barragem de Acauã

MPF cobra do governo da PB definição de políticas públicas para as comunidades atingidas pela barragem de Acauã

Por Edmilson Pereira - Em 6 anos atrás 783

Seis comunidades atingidas pela construção da barragem de Acauã receberão, a partir desta segunda-feira (08), a visita de técnicos da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Humano , que farão levantamento da situação das famílias para nortear políticas públicas que serão aplicadas aos atingidos. A visita é resultado de tratativas do Ministério Público Federal (MPF), por meio da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão , com o Governo da Paraíba, em favor das cerca de 900 famílias impactadas diretamente pela construção da barragem há quase 20 anos.

Os técnicos da SEDH vão mapear a quantidade de famílias e quais as vocações delas para o trabalho, seja agricultura, comércio, artesanato, etc. O levantamento terá início pela comunidade do Costa e vai se estender para as demais comunidades – Pedro Velho, Riachão, Água Paba, Cajá e Melancia. Das seis comunidades, a do Costa é a que está em maior situação de vulnerabilidade social e violação de direitos humanos.

Dentre as tratativas do MPF com o governo estadual está uma possível viabilização do Projeto Cooperar para as comunidades atingidas. O projeto tem foco na redução da pobreza, através do desenvolvimento sustentável em áreas rurais da Paraíba. Será marcada reunião com a equipe do Cooperar para discutir potenciais projetos nas comunidades. Também há a perspectiva de o governo disponibilizar recursos do Programa Empreender (política pública de microcrédito) para as comunidades atingidas.

Outra possibilidade ventilada nas tratativas é o apoio da Empresa Paraibana de Pesquisa, Extensão Rural e Regularização Fundiária (Empaer) às famílias atingidas que quiserem trabalhar com o crédito fundiário. A Empaer se dispôs a pesquisar áreas de desapropriação em regiões mais próximas da água, que possibilitem atividades de agricultura, tendo como norte a proposta de realocação, no modelo agrovila.

No dia 2 de abril, representantes do Movimento dos Atingidos pela Barragem de Acauã (MAB) sentaram com a titular da Secretaria Estadual do Desenvolvimento Humano para planejar o levantamento das famílias atingidas pela construção da barragem. No mesmo dia, os integrantes do MAB também se reuniram com a gerência do Programa PróAlimento Paraíba para articular a distribuição do cartão alimentação às famílias atingidas.

Em 28 de março de 2019, representantes das seis comunidades atingidas pela construção da barragem de Acauã participaram de reunião com o governador João Azevedo e secretários estaduais, na granja do governador. A reunião, articulada pela Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão, também teve a participação da Defensoria Pública da União e da Defensoria Pública Estadual.

Barragem de Acauã – O início da construção da barragem remonta aos anos de 1980. Sua fase final somente ocorreu por volta de 1999, sendo efetivamente concluída em agosto de 2002. Devido a fortes chuvas, após dois anos de construída, a barragem encheu em seu nível máximo, causando danos para os moradores que ainda se encontravam dentro da área a ser alagada. Estudos realizados indicavam que demoraria, pelo menos, cinco anos para a cheia ocorrer.

O empreendimento causou o deslocamento de cinco mil pessoas – cerca de 900 famílias que viviam às margens do rio Paraíba. Até hoje famílias vivem em situação de penúria devido ao isolamento, falta de moradias, saneamento básico e abastecimento d’água.

Fonte: Redação e Assessoria de Imprensa do MP/PB