Levado pela incerteza sobre a versão final do arcabouço fiscal; Copom ignora pressão de Lula e mantém taxa Selic em 13,75 ao ano

Levado pela incerteza sobre a versão final do arcabouço fiscal; Copom ignora pressão de Lula e mantém taxa Selic em 13,75 ao ano

Por Edmilson Pereira - Em 1 ano atrás 351

O Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) decidiu, nesta quarta-feira (03), manter a taxa básica de juros da economia, a Selic, em 13,75% ao ano, no mesmo percentual que foi fixado nos últimos sete encontros, desde agosto de 2022.

O Copom destacou a “incerteza” sobre a versão final do arcabouço fiscal do governo Lula como um fator de alto risco, apesar de detalhar que a apresentação da medida, juntamente à reoneração de combustíveis, reduziu parcialmente os receios econômicos.”

O comitê ressaltou que a inflação ao consumidor “segue acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta”.

O Copom disse ainda que “não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado”.

A decisão era esperada por economistas e boa parte do mercado aposta em queda só no segundo semestre, com expectativa de que o Banco Central culparia a alta da inflação para explicar a manutenção dos juros a 13,75%.

É a maior taxa desde o reajuste estabelecido de dezembro de 2016 até 11 de janeiro de 2017, quando também estava em 13,75%. A última vez em que a Selic teve um valor mais alto do que esse foi no ciclo de 19 de outubro de 2016 até 30 de novembro de 2016, quando o índice foi a 14% ao ano.

O Copom enfatiza que não há relação mecânica entre a convergência de inflação e a aprovação do arcabouço fiscal, e avalia que a desancoragem das expectativas de longo prazo eleva o custo da desinflação necessária para atingir as metas estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional. Nesse cenário, o Copom reafirma que conduzirá a política monetária necessária para o cumprimento das metas.”Copom sobre manutenção da Selic

Cabo de guerra entre governo e BC

Novamente, o Copom ignorou as pressões do presidente Lula e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para abaixar a taxa.

Lula já indicou que deseja mexer na meta de inflação, o que dificultaria as justificativas do Copom para não abaixar a Selic.

Na semana passada, Haddad reforçou a pressão no Copom ao dizer que “só temos boas notícias da inflação e recomposição do orçamento”, ou seja, haveria um cenário econômico favorável para reduzir a Selic.

“Com essa taxa, de 13,75%, o Brasil não vai crescer. Mas criando as condições, e elas estão criadas, para abaixar… Empresário tem que ganhar dinheiro com juros baixos e investindo”, disse o ministro.

Fonte: Portal Uol