Jeová Campos critica MP de Bolsonaro que altera critérios para nomeação de reitores nas Universidades Federais

Jeová Campos critica MP de Bolsonaro que altera critérios para nomeação de reitores nas Universidades Federais

Por Edmilson Pereira - Em 5 anos atrás 569

O deputado estadual Jeová Campos (PSB) criticou a Medida Provisória editada pelo presidente Jair Bolsonaro alterando as regras para a nomeação de reitores em universidades federais. “Essa MP representa uma afronta gravíssima à autonomia das Universidades no País”, reagiu o parlamentar, que é professor da UFPB.

A MP 914 editada pelo governo no último dia 24, véspera de Natal, adota novos critérios para a eleições dos reitores das universidades federal como uma nova fórmula: o voto dos professores terá um peso de 70% nas eleições, e os funcionários e alunos terão peso de 15% cada, formando uma lista tríplice que irá a julgamento do presidente, podendo este ignorar o nome vencedor da lista apresentada pelas instituições.
Para o deputado estadual Jeová Campos, que é professor universitário licenciado, a MP é absurda, autoritária e sem nenhuma argumentação que valide a relevância de tão profundas alterações.

“Bolsonaro é o desgoverno que veio para desconstruir o vinha dando certo no país. As universidades têm uma dinâmica própria em função do princípio da autonomia e essa prática permite que as universidades passem a receber não só a gestão financeira e orçamentária, mas definir sua política acadêmica, política e didática. Tudo isso como consequência do princípio da autonomia. Se o governo desconstruir isso, vai extinguir as universidades e só os filhos dos ricos poderão estudar. Índios, quilombolas, negros e pobres ficarão de fora. Já basta o corte no orçamento e agora violar um bem indisponível que é o princípio da autonomia. Isso é um absurdo!”, protestou Jeová.

Embora a escolha do reitor seja uma prerrogativa do presidente, a nomeação de um candidato menos votado rompe uma tradição, desrespeitando a vontade da comunidade acadêmica, bem como anula a prerrogativa dos Conselhos Universitários e favorece a participação de candidatos avulsos que mesmo com votação inexpressiva podem ser escolhidos pelo presidente.

O fato, inclusive, já aconteceu em algumas universidades do país em que Bolsonaro ignorou a escolha das instituições por reitores não compartilhavam as mesmas ideias do governo e não estavam dispostos a aplicar o Future-se. “Bolsonaro está impondo limites à autonomia universitária”, lamentou Jeová, frisando que a MP formaliza ainda mais essa postura autoritária.

Jeová Campos é professor de Direito licenciado da Universidade Federal de Campina Grande – UFCG, destacou também que a MP foi apresentada de forma inesperada, durante o recesso parlamentar, sem discussão alguma e, principalmente, sem argumentação que convença a sociedade de sua necessidade. “Por essas e outras, como a quebra da soberania, as leis contra o povo, a reforma da previdência, do SUS que se aproxima… É preciso se levantar um movimento ‘Fora Bolsonaro’. Ou a gente se coloca contra a política dele e Paulo Guedes ou a conta vai ficar só de um lado, ou seja, dos pobres”, alertou o parlamentar paraibano.