Endividados: Os Estados onde metade dos adultos está com o nome negativado por inadimplência
Por Edmilson Pereira - Em 2 anos atrás 368
No Amazonas está o dado mais preocupante: há mais adultos inadimplentes (51,8%) do que adultos com as contas em dia. Em seguida, aparecem outros Estados onde a parcela de inadimplentes é de praticamente metade dos adultos, como Rio de Janeiro, Amapá e Distrito Federal — os três com índices superiores a 49%.
Na outra ponta, com o índice mais baixo do país, está o Piauí, com “apenas” um terço dos adultos com nome sujo. Santa Catarina (34,8%), Rio Grande do Sul (36,3%) e Alagoas (36,8%) também aparecem entre os Estados onde uma proporção maior de adultos está conseguindo pagar as contas em dia.
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Depois disso, “a Serasa encaminha comunicação — via SMS, e-mail, carta — para o devedor, falando que a pessoa tem dez dias para resolver essa situação e que, caso contrário, o nome dela vai ser negativado”, explica Rabi.
O que explica essa variação regional?
Qual é a explicação para essa diferença entre os Estados? O economista Luiz Rabi, da Serasa Experian, diz que é essencial levar em conta a renda per capita para entender a questão da inadimplência, já que “renda per capita é capacidade de pagamento” — ou seja, Estados com essa renda mais alta teoricamente tendem a ter menor inadimplência.
Mas o Estado com menor proporção de inadimplentes, o Piauí, também está entre aqueles com menor renda per capita. E o Distrito Federal, unidade da federação com maior renda per capita, está entre as maiores taxas de inadimplência.
É que a renda per capita, embora seja um fator relevante, não é o único, argumenta Rabi.
“Existem algumas variáveis que de fato pesam e que fazem diferença quando a gente olha a distribuição estadual, segundo nossa análise e acompanhamento histórico desses dados”, diz o economista.
Rabi destaca que tem observado que a inadimplência tende a ser menor em Estados que estão inseridos em uma cadeia exportadora de commodities e onde o peso desse setor na economia local é relevante.
“Isso faz com que esse Estado tenha uma performance econômica melhor do que a média nacional, ou melhor do que os Estados onde não tem essa característica. Isso explica, por exemplo, porque o Piauí, sendo estado que tem uma renda per capita baixa, tem a menor inadimplência — porque o Piauí é a principal fronteira agrícola da soja, por exemplo.”
Com a guerra da Rússia contra a Ucrânia, preços de energia, combustível, alimentos e outras commodities dispararam. Se por um lado isso causa inflação, também gera aumento de renda dos produtores de commodities.
Ao mesmo tempo, diz Rabi, o peso do setor de serviços — o mais atingido pelos efeitos da pandemia de covid-19 — na economia do Estado também ajuda a entender a inadimplência. “Se o setor de serviço pesa muito, isso tem sido algo que prejudica a inadimplência”, diz.
Esse ponto também ajuda a explicar, aponta ele, a presença do Rio de Janeiro e do Distrito Federal — bastante dependentes do setor de serviços — no topo da lista de inadimplência.
Inadimplência recorde no Brasil
A inadimplência vem subindo, aponta o economista, “porque a inflação está corroendo o poder de compra e as pessoas não conseguem mais pagar” suas contas. “Isso faz um estrago brutal na capacidade de pagamento de milhões de brasileiros.”
Outro fator que agrava a situação, diz ele, é a alta de juros — ferramenta usada exatamente para tentar combater a inflação. Esse aumento, no entanto, encarece o crédito usado por consumidores, como no cheque especial e no rotativo do cartão de crédito, conhecidos por serem os mais altos.
A inflação chegou a dois dígitos em setembro de 2021, pela primeira vez desde 2016, segundo dados do IBGE. E continua acima desse patamar: em 12 meses até junho, está em 11,89%, de acordo com os dados mais recentes do IBGE.
Nesse cenário, Rabi diz que ainda não dá para vislumbrar quando a inadimplência vai voltar a cair.
Na análise por área, os dados de maio mostram que o segmento de bancos e cartões gerou o maior volume de dívidas negativadas (28,2% do total), seguido por contas básicas (água, luz e gás), com 22,7%. Em terceiro lugar, aparecem varejo e financeiras, com 12,5%.
Fonte: Paraíba Notícia com informações da BBC News