DINHEIRO: Governadores eleitos no 1º turno somam R$ 53,3 milhões em custo de campanha

Por Edmilson Pereira - Em 6 anos atrás 841

Os treze governadores eleitos no primeiro turno das eleições gastaram, juntos, R$ 53,3 milhões. Goiás, Pernambuco e Paraná tiveram as campanhas mais caras. Os dados fazem parte de um levantamento com base na prestação de contas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulgada até sexta-feira (12). Juntos, os governadores eleitos angariaram 22.951.205 votos. Cada um saiu por R$ 2,32. O PSB, PT, DEM, PC do B, PSD, PHS, MDB e PP  alcançaram a chefia de executivos estaduais no primeiro turno. Para especialistas, embora as campanhas estejam mais baratas do que há quatro anos, ainda têm custo bem mais alto do que seria de esperar.

O atual governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), reconduzido ao cargo, teve a campanha mais cara. Ao todo, ele desembolsou R$ 8,6 milhões durante o pleito. A candidatura foi financiada essencialmente pela doação de partidos, o que representou 80% das receitas — R$ 6,4 milhões. Publicidade por materiais impressos e pesquisas ou testes eleitorais são uma das principais despesas. Ele ainda precisa especificar R$ 1,5 milhão em gastos.

Em segundo lugar no ranking, o ex-senador Ronaldo Caiado (DEM), que comandará o Palácio das Esmeraldas em Goiânia, gastou R$ 8,3 milhões. Entre os principais gastos, estão a produção de programas de rádio e televisão e as despesas com pessoal. Quase metade da receita do candidato é oriunda da doação de partidos: R$ 4,1 milhões.

Fechando o ranking, Ratinho Junior (PSD) se elegeu governador do Paraná sob o custo de R$ 6,9 milhões. O financiamento contou com R$ 4,1 milhões de doação de pessoas físicas (49% do total das receitas) e o próprio candidato desembolsou R$ 1,1 milhão. Ele gastou mais com a produção de programas de rádio, televisão ou vídeo e com as atividades de militância e mobilização de rua.

Juntos, Caiado, Câmara e Ratinho desembolsaram R$ 23,8 milhões. Isso representa 44% do total de gastos. Entre os candidatos que foram eleitos, as campanhas mais em conta são a de Renan Filho (MDB), de R$ 298 mil, em Alagoas; Gladson Cameli (PP), de R$ 1,6 milhão, no Acre; Wellington Dias (PT) e Mauro Carlesse (PHS), com  R$ 1,7 milhão, cada, no Piauí e no Tocantins, respectivamente; Renato Casagrande (PSB) e Mauro Mendes (DEM), com R$ 2,5 milhões cada no Espírito Santo e no Mato Grosso, respectivamente.

Carlos Manhanelli, presidente da Associação Brasileira de Consultores Políticos, é categórico ao dizer que não existe uma clara relação gasto-voto. “Não se pode dizer que quem mais gasta é quem vence”, relata. Ele exemplifica.  Na década de 1990, o valor médio do voto era de US$ 1,5. Neste pleito, ficou em 50 centavos de dólar por conta da limitação de gastos.

Um dos exemplos de gasto elevado sem sucesso é o do presidente licenciado da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf (MDB). Ele gastou R$ 9.576.584,37 e não conseguiu ir ao segundo turno na disputa paulista. Ao todo, recebeu 4.269.865 votos. Perdeu para o atual governador Márcio França (PSB) que recebeu 4.358.998 votos, tendo gasto R$1.398.781,15. João Doria (PSDB), que lidera a disputa, recebeu 6.431.555 votos e desembolsou R$ 9.355.707,60.

Ele acrescenta que uma parcela dos candidatos errou ao fazer propaganda e não marketing. “Os candidatos não se preocuparam em conhecer o eleitor, seus anseios. Usam a propaganda como tática de convencimento”, conclui o especialista em marketing político. O importante é atender a vontade do eleitor”, diz.

Por lei, os candidatos devem respeitar limites de gastos, que variam de acordo com a população. Os valores vão de R$ 2,8 milhões a R$ 21 milhões, a depender da quantidade de habitantes da unidade da Federação. Isso sem levar em consideração acréscimos de R$ 1,4 milhão a R$ 10,5 milhões permitidos em caso de segundo turno. O levantamento levou em conta somente as despesas que já foram pagas e divulgadas ao TSE até a última sexta-feira.

Redação e Correio Braziliense