: Delegado Kiko Azevêdo estreia na literatura com o livro "As Raparigas de Chico & Outras 99 Crônicas"

: Delegado Kiko Azevêdo estreia na literatura com o livro “As Raparigas de Chico & Outras 99 Crônicas”

Por Edmilson Pereira - Em 4 anos atrás 688

Um texto sobre o bloco As Raparigas de Chico – escrito pelo delegado de polícia paraibano Francisco Alves de Azevedo Neto (Kiko Azevêdo)  e publicado nas redes sociais no dia 15 de fevereiro do ano passado – causou polêmica, na época, a ponto do seu autor ser criticado, afirmando que ele era uma pessoa misógina. No entanto, garantiu ele que tal episódio ocorreu por causa de uma “má interpretação”.    Mais do que um caso diário do que se passa no cotidiano da internet, a postagem gerou um fruto positivo: serviu de inspiração para o livro As Raparigas de Chico & Outras 99 Crônicas (209 páginas, R$ 50), publicado pela Editora Reler, de Curitiba (PR).

A obra, com ilustrações e capa de Daniel Amaral Manfredini, marca a estreia de Francisco Azevedo na literatura. “A ideia do título do livro foi resultado de um trabalho conjunto com o editor da Reler, Sandro Retondario.   Chegou-se a um número aproximado de 100 crônicas. A crônica sobre o bloco carnavalesco foi escolhida para intitular a obra porque, no meu entender, foi mal interpretada quando foi publicada e quiseram vinculá-la à minha atividade profissional, que é a de delegado. Mas esqueceram que a crônica tem, antes de tudo, caráter literário e escrevo com liberdade”, disse.

No intuito de evitar mais polêmicas, o escritor incluiu uma nota de esclarecimento, cujo teor é o seguinte: “Esta crônica, como é regra na literatura, foi escrita sob licença poética, e não tem compromisso com a verdade, apesar de tomar por base minha experiência no movimento estudantil e no PT dos anos 90. Como o escrito foi objeto de escândalo, na edição do livro, houve alterações por questões de terminologia, bem como por aspectos de extremismo político”.

Azevedo disse estar ciente da existência do bloco As Raparigas de Chico, que é tradicional e desfila no pré-Carnaval da cidade de João Pessoa, onde o autor reside. Mas comentou que essa alusão à agremiação aconteceu por coincidência, ou de forma subconsciente, ao lembrar que blocos com o mesmo nome também saem para a folia em outros estados, a exemplo do Rio de Janeiro. “Não há nenhuma intenção de fazer ataques gratuitos a quem quer que seja. As crônicas são como uma celebração à cultura de um modo geral. Eu quero que esse livro sirva para se somar à cultura local, paraibana, brasileira e internacional”, pontuou ele, ao lembrar que também escreve sobre viagens realizadas a outros países. “Todas as crônicas são frutos da imaginação, a partir das experiências da minha vida”, analisou.

Roteiro de cinema Em 2016, o editor da Reler, Sandro Retondario, veio a João Pessoa ministrar uma oficina de roteiro na Usina Cultural Energisa.  Além de participar do evento, por gostar da Sétima Arte, Francisco Azevedo levou um roteiro que havia escrito para um projeto de curta-metragem no gênero policial.

O editor paranaense embarcou de volta com esse trabalho e, em meados do ano passado, ligou para o paraibano informando que havia aberto espaço para lançar obras de autores nordestinos e sugeriu outra finalidade para o texto: em vez do cinema, publicar uma obra. “Eu não tinha essa intenção. Ou fazia o filme ou publicava a obra. Decidi enviar para o Retondario um arquivo contendo cerca de 300 crônicas que já havia escrito de 2015 até o início deste ano, sendo quase todas narrativas na primeira pessoa. Ele recebeu e me disse que ia atribuir notas a cada uma e iria publicar aquelas que obtivessem uma nota acima de oito”.

Entre as crônicas que foram selecionadas para a coletânea, estão textos como A bala que matou João Pessoa, publicada em abril de 2019. “Adoro essa história, porque coloca João Pessoa dentro da História do Brasil. Sempre fui fascinado pelo assassinato de João Pessoa e com o entorno da situação”, confessou.

 O próximo projeto literário de Francisco Azevedo poderá ser sobre a história do boxe brasileiro, que, a propósito, é um dos temas abordados em sua obra de estreia, na qual incluiu o texto Os Azevedo e os boxeadores dançarinos. A proposta foi feita pelo editor Sandro Retondario, mas a resposta definitiva ele só pretende dar no final deste ano. O possível projeto se justifica plenamente.
Além de delegado de polícia – cargo que exerce efetivamente a partir do momento em que foi aprovado em concurso público em 2003 – Azevedo é boxeador e descende de uma família que contribuiu para difundir o esporte no Estado. “Meu pai, Valberto Azevedo, foi o primeiro presidente da Federação Paraibana de Boxe e, com a família Mesquita, os Azevedo puderam fundar o boxe paraibano”.

Por Guilherme Cabral – Jornal A União