De pênis na Fiocruz à tapete de Che Guevara, agência checa mentiras da “Capitã Cloroquina” no Senado
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O depoimento da secretária do ministério da Saúde Mayra Pinheiro, na terça (25/05), foi especialmente marcado por uma discussão envolvendo notícias falsas.
Pinheiro, conhecida como ‘Capitã Cloroquina’ pela sua defesa do uso do medicamento de efeito não comprovado contra a covid, confirmou à CPI que foi realmente ela quem fez um áudio que circulou pelas redes sociais espalhando notícias falsas sobre a Fiocruz.
No áudio, Pinheiro dizia que “tudo deles envolve LGBT” e que “eles têm um pênis na porta da Fiocruz”, que “todos os tapetes das portas são a figura do Che Guevara” e as “salas são figurinhas do Lula Livre, Marielle Vive”.
A Fiocruz não tem uma figura de um pênis na entrada nem tapetes nas portas com a imagem de Che Guevara. Também não há envolvimento da fundação em campanhas de apoio a Lula ou sobre o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco.
Questionada pelo senador Randolfe Rodrigues se ainda pensava dessa maneira, Pinheiro afirmou que o áudio era antigo e que “nessa época isso era constatação de fatos”.
“Existia um objeto inflável em comemoração a uma campanha na porta da entidade”, disse ela.
Uma checagem da Agência Lupa mostrou que pelo menos outras cinco das declarações feitas pela secretária continham informações falsas.
Pinheiro afirmou que o aplicativo TrateCov não foi lançado, e que houve uma “extração indevida de dados por um hacker”, que depois ela nomeou como sendo o jornalista Rodrigo Menegat.
Mas o TrateCov foi efetivamente colocado no ar para auxiliar médicos em Manaus, com direito a um programa sobre seu uso na TV Brasil.
Também não houve hackeamento nem extração indevida de dados por parte de Menegat – o jornalista acessou o código da página que estava público, segundo a Agência Lupa, processo que pode ser feito em qualquer site e que não é ilegal.
Pinheiro também citou três notícias falsas sobre a OMS (Organização Mundial de Saúde). Disse que a entidade “retirou a orientação desses medicamentos [cloroquina e hidroxicloroquina] para tratamento da Covid”, que indica amamentação por mães soropositivas e que afirmou que o lockdown é responsável pela miséria.
A OMS nunca indicou cloroquina para tratamento de covid-19 e declarou em 2020 que não havia eficácia comprovada do medicamento contra o coronavírus.
A entidade também não indica a amamentação por mães soropositivas em qualquer caso, deixando claro que isso não é seguro. A posição da OMS é que, em locais onde o acesso a recursos é muito restrito e muitas crianças morrem por desnutrição, como em alguns países do continente africano, é preferível que as mães amamentem os bebês nos primeiros seis meses a deixá-los passar fome.
A OMS continua indicando medidas de isolamento social e lockdown para combater a pandemia. E embora reconheça que populações possam ter dificuldades devido à medidas, a entidade afirma que é responsabilidade dos governos cuidar para garantir a segurança alimentar dos mais vulneráveis.
Fonte: Paraíba Notícia com BBC Brasil