Com obstrução intestinal e há dez dias com soluço, Bolsonaro é internado no Hospital das Forças Armadas no dia de encontro com presidentes da Câmara e do Senado

Com obstrução intestinal e há dez dias com soluço, Bolsonaro é internado no Hospital das Forças Armadas no dia de encontro com presidentes da Câmara e do Senado

Por Elison Silva - Em 3 anos atrás 448

O presidente Jair Bolsonaro deu entrada,  na manhã desta quarta-feira (14),  no Hospital das Forças Armadas, em Brasília, para fazer exames que investigam a origem de um soluço que o acompanha há dez dias.

A contração involuntária é uma reação a uma série de remédios que o presidente está tomando após ter feito um implante dentário. A explicação foi dada pelo próprio presidente em uma live com seus seguidores na semana passada. “Tenho soluços 24 horas por dia”, disse ele. Sua dicção também foi afetada pelos soluços. Em suas falas públicas, ele interrompia seu discurso com pequenos espasmos.

Por orientação médica, Bolsonaro ficará sob observação, no período de 24 a 48 horas, não necessariamente no hospital. Segundo o Planalto, “ele está animado e passa bem”. A internação do presidente cancelou a reunião que estava marcada para a manhã desta quarta-feira , com o presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, e os presidentes da Câmara e do Senado, Arthur Lira (Partido Progressista) e Rodrigo Pacheco (partido democrata), respectivamente. A questão que seria discutida era um tanto indigesta para Bolsonaro.

Em franca campanha contra as eleições do próximo ano, o presidente brasileiro estimulou uma crise política entre os três poderes com declarações antidemocráticas contra as eleições. Bolsonaro tem repetido, sem provas, que o sistema eleitoral adotado no Brasil é vulnerável a fraudes. “Se não houver eleições justas, não haverá eleições no ano que vem”, ameaçou na última quinta-feira (8). Fez a mesma ameaça no dia seguinte. “Não tenho medo das eleições, mas só entrego o poder a quem me ganha no voto confiável. Do jeito que está hoje, corremos o risco de não ter eleições no ano que vem “, disse o presidente.

Suas ameaças desencadearam uma série de reações entre os presidentes do Congresso, que rejeitaram publicamente as manifestações do presidente em defesa da democracia. “Quem quiser retrocessos será identificado como inimigo da nação”, disse Rodrigo Pacheco, presidente do Senado. Nesta segunda-feira, o presidente do STF já havia se encontrado com Bolsonaro para impor limites ao seus comentários, que incluíam ofensas contra outro ministro da Corte, Luís Roberto Barroso, que também é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Bolsonaro disse aos eleitores que vão diariamente à porta do Palácio do Planalto que Barroso foi um “idiota” e que foi do TSE que se originou a fraude nas eleições.

Fux cobrou de Bolsonaro o respeito pelas instituições e pela Constituição. “Convidei o presidente da República para uma conversa diante dos últimos acontecimentos, onde debatemos quão importante para a democracia brasileira é o respeito às instituições, os limites impostos pela Constituição”, disse Fux a jornalistas após o encontro com Bolsonaro na segunda-feira. Segundo ele, o presidente “entendeu”. A expectativa para o encontro desta quarta-feira era reforçar os limites ao presidente. O próprio Barroso, ofendido por Bolsonaro, advertiu o presidente de que suas ameaças às eleições constituem um crime de responsabilidade. Em última análise, um impeachment pode ser justificado por um crime dessa natureza.

A incessante campanha de Bolsonaro para quebrar as regras, inclusive com propagação de mentiras, tem despertado desconfiança sobre a necessidade de marcar os exames nesta quarta-feira, quando os presidentes dos três poderes deveriam se reunir. Bolsonaro vive um momento de queda de popularidade devido a uma série de fatores: a má gestão da pandemia, as suspeitas de corrupção na compra de vacinas contra covid-19, e agora seus ímpetos golpistas que elevam a temperatura na capital do país quando o Brasil já enfrenta muitos problemas.

Fonte: Paraíba Notícia com El País