Valter Nogueira

por Valter Nogueira - 4 anos atrás

Voz de Comando & Silêncio  

É perceptível – porém, explicável – o silêncio ou mesmo falas em tom mais baixo do presidente da República diante dos últimos eventos ocorridos em Brasília, ao menos da última sexta-feira (12) até esta quinta (18). É possível que agora o Planalto, por cautela, recomende uma postura mais moderada do chefe da Nação.

Em tempo, os militares de farda (da ativa) elevaram o tom ante o uso indevido do nome das Forças Armadas. E isso ocorreu em reação a uma Nota divulgada pelo Palácio do Planalto, sem a prévia consulta aos militares.

O documento foi assinado pelo presidente Jair Bolsonaro, com coautoria do vice-presidente, Hamilton Mourão. A Nota, divulgada no dia 12 de junho, foi, ainda, endossada pelo ministro da Defesa, Fernando Azevedo.

Parte do conteúdo da referida Nota não agradou os comandantes das Forças Armadas; eles têm o controle das tropas nas mãos.

Nota 

Sem autorização dos oficiais generais da ativa, os três signatários da Nota (Bolsonaro/Mourão/Azevedo) avisam que as “Forças Armadas não cumprem ordens absurdas” nem “aceitam julgamentos políticos”.

O recado intimidatório tinha endereço certo: o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), onde tramita processo contra a chapa Bolsonaro/Mourão.

Recado dos militares

Oficiais generais ouvidos pelo Estadão interpretaram a Nota como mais uma “ameaça velada” de Bolsonaro, usando o Exército, a Marinha e a Aeronáutica “como se estas fossem instrumentos ao alcance de suas mãos” para qualquer fim.

De acordo com a reportagem, o endosso do general Azevedo (Defesa) acaba dando “a impressão de que as Forças Armadas estariam ao lado do presidente para qualquer aventura”.

Ainda de acordo com a reportagem, os militares afirmam que notas do tipo “interessam apenas ao presidente, que insiste nesse constante clima de tensão e enfrentamento para manter a sua militância ativa e aguerrida”.

A aproximação entre os militares e o governo federal começa a dar sinais de desgaste para as Forças Armadas. Os militares de farda, preocupados com seu papel institucional, perceberam o fenômeno e começam a fazer uma autocrítica interna.

Comportamento infantil

Ao que tudo indica, o presidente Bolsonaro simulava ser um homem forte. Na realidade, agia como que um menino medroso, mas que esboça aparente “coragem” para provocar os outros, apenas, quando está em companhia de alguém mais forte; quando imagina ter apoio na retaguarda.

Mas, no caso, houve uma reprimenda do tipo: “Não faça mais isso! Se o fizer, é por sua conta e risco!

Última

Em resumo, o presidente percebeu que não tem o apoio que imaginava ter. As Forças Armadas já tinham dado um sinal, mesmo que discreto. Em algo como que “um alerta”, afirmaram que “devem respeito ao Presidente da República, desde que este respeite a Constituição”.

Mas o primeiro recado parece não ter sido bem assimilado no Planalto.

Agora, a voz de comando dos militares soou mais forte!