por Elison Silva - 7 anos atrás
Todo grande time começa por um grande goleiro
Desde a chegada de Itamar Schulle para sua segunda passagem a frente do Botafogo-PB, a partir do início de 2016, o sistema defensivo vem sendo o ponto mais forte de sua equipe, algo bastante significativo em mais de um ano e meio de trabalho, pois consegue manter a consistência em um setor sem se tornar algo manjado e, por consequência, fácil de ser superado.
Porém, a torcida do Belo que o diga, o calcanhar de Aquiles de sua defesa é justamente seu primeiro homem. O goleiro que, mesmo com muita experiência e bagagem, com passagem por grandes clubes do futebol nacional, nunca chegou a transmitir segurança para quem está nas arquibancadas, apesar do discurso interno da comissão técnica e diretoria botafoguense ser de total confiança em seu camisa 1.
Antes de desembarcar em João Pessoa, a última equipe defendida por Michel Alves havia sido o Vasco, onde ele foi um dos goleiros da campanha do rebaixamento do Campeonato Brasileiro da Série A em 2013, e bastante criticado pela torcida cruzmaltina.
Pelo Criciúma-SC, onde esteve até 2012, antes de chegar em São Januário, teve a grande fase de sua carreira, tanto positiva como negativamente. Se destacou a ponto de ir parar no clube carioca, mas também protagonizou uma das falhas mais grotescas de um goleiro na história do futebol, que pode ser vista clicando aqui.
Marcado pelo rebaixamento do Vasco, o goleiro foi afastado do clube, onde ficou encostado até 2015, quando acertou com o Belo.
Resumindo um pouco a história, o goleiro não foi unanimidade entre os botafoguenses desde a sua chegada, e depois, cada vez tem menos respaldo de seus torcedores. O ponto mais alto aconteceu na partida contra o Sampaio Corrêa-MA, quando após uma saída de bola certa, algo raríssimo, para não dizer inédito em seus quase dois anos de clube, a arquibancada do Almeidão comemorou, ironicamente, como se fosse um gol marcado por seu arqueiro.
O fato é que, pegando um espaço bem curto de tempo, dos últimos onze gols sofridos pelo Botafogo-PB – oito até a décima rodada da Série C e os três dos dois jogos finais do Paraibano -, em seis, mais da metade, a participação do camisa 1 do time da estrela vermelha deixou a desejar.
Em algumas oportunidades as falhas não custaram pontos. Em outras, como nas derrotas por 1 a 0 diante do Fortaleza e do Cuiabá-MT, também pelo mesmo placar, foram decisivas no resultado dos jogos.
Para ilustrar, cada ponto em que seja evidente o erro, basta clicar que o vídeo vai aparecer, e cada um pode tirar sua própria conclusão.
Treze 2 x 3 Botafogo-PB: No primeiro jogo das finais do Paraibano, cruzamento da linha de fundo e Michel fica plantado na risca do gol, o que lhe obriga a espalmar para frente, deixando a bola livre para Jean Carlo empatar o confronto.
No segundo gol do Galo no jogo, cruzamento da direita e, como de praxe, o goleiro não sai para cortar a bola que vai em sua pequena área, e Jean Carlo, mais uma vez igualava o placar.
Botafogo-PB 1 x 1 Treze: Pela segunda partida da decisão do Paraibano, o gol do Treze mais uma vez saiu de um cruzamento na pequena área em que o arqueiro preferiu ficar plantado na linha do gol, e Dico, atualmente no Belo, se aproveitou para marcar.
Fortaleza 1 x 0 Botafogo-PB: Em partida válida pela segunda rodada da Série C de 2017, o jogo era muito ruim e se encaminhava para um 0 a 0 previsível, até que o Fortaleza cruza uma bola na área (sempre ela), Michel sai muito mal do gol, e o Leão do Pici se aproveita para fazer o gol que lhe garantiu a vitória.
Botafogo-PB 3 x 2 Remo: O Belo vencia por 3 a 1, o jogo vinha chegando ao fim, mas um velho roteiro se repetiu. Escanteio cobrado na pequena área, o camisa 1 não sai e o time paraense coloca fogo no fim da partida.
Cuiabá 1 x 0 Botafogo-PB: Jogo de poucas oportunidades de gol, o Dourado vinha se encaminhando para seu oitavo empate em dez rodadas da Série C. Mas aí, em bola rebatida da intermediária, o goleiro botafoguense sai do gol de forma completamente aleatória, aparentemente desiste de desistir do lance, e comete o pênalti que originou o gol da partida.
O questionamento que fica é até quanto o sonho do acesso que diretoria, jogadores e torcida do Botafogo-PB fica comprometido com o jogador no time que menos pode falhar (porque se falha, a possibilidade de gol adversário é quase sempre clara) sendo tão frágil quanto vem sendo nos últimos anos?
Nenhum goleiro foi contratado pela diretoria enquanto o período de transferências permitia – desde o último dia 14, apenas goleiros que já estejam no plantel podem ser incorporados a lista de jogadores que disputam a Série C -. Além de Michel Alves, o Belo conta com Edson, que foi titular durante parte da campanha da terceira divisão de 2015, e o jovem João Manuel como alternativas para a posição.
A importância de Michel Alves dentro do elenco botafoguense, como líder e muitas vezes porta-voz do grupo de jogadores, é inegável. Mas debaixo dos três paus, ela vem sendo cada vez menor.
Élison Silva – Comentarista