por Elison Silva - 8 anos atrás
Paraibano 2016, práticas do século XIX
Acabou o Campeonato Paraibano de 2016, mas parece que ainda não saímos do século XIX com relação as práticas que acompanhamos diariamente no futebol do nosso estado.
Dentro de campo, a final da competição foi bastante disputada, e apesar de perder o segundo jogo para o Botafogo-PB, o Campinense ficou com a taça. A decisão foi recheada de ingredientes que todo mundo gosta de ver no futebol: apreensão, clima quente, provocações (até certo limite), estádio lotado, festa de duas torcidas.
Fora dele, sempre deixa-se a desejar por essas bandas. E neste ano não poderia ser diferente.
Com muito boa vontade da Federação Paraibana de Futebol, foi planejada uma cerimônia que contava com execução do hino nacional numa mistura de ritmos nordestinos, representados por uma sanfona, e da música clássica, utilizando-se um violino. Os times entrariam em campo juntos. No intervalo, apresentação de quadrilha junina. No encerramento, um palco para receber os campeões.
Critica-se muito a FPF, mas ela é apenas um reflexo dos seus clubes filiados. Tivemos um atraso de mais de 20 minutos para que a peleja fosse iniciada porque simplesmente os dois times não queriam entrar em campo, o Campinense menos, o Botafogo-PB mais, já que em determinado momento, a Raposa já estava na escada para entrar em campo enquanto Michel Alves, goleiro botafoguense, ainda se aquecia no gramado, e teria que voltar para o vestiário para trocar de uniforme, finalizar a preparação e só depois adentrar ao gramado (vale uma nota: dos jogos que trabalhei e assisti nos estádios, NENHUM começou no horário previsto no Paraibano de 2016). No intervalo, mais de 20 minutos com as equipes no vestiário. A briga generalizada no segundo tempo faz parte do calor do jogo, então nem se deve ser citada neste texto.
Porém, o ponto mais baixo de todos foi o desrespeito com os profissionais que trabalhavam no evento. O que já é de praxe tornou-se um verdadeiro absurdo quando simplesmente as duas equipes esconderam as escalações até quase o início da partida. Além de prejudicar quem lida com informações, desrespeita o estatuto do torcedor, que exige que as formações dos times sejam divulgadas com, no mínimo, 45 minutos de antecedência ao início do jogo.
Mas ainda fica pior. A assessoria do Botafogo-PB ainda divulgou uma escalação mentirosa, com quatro nomes diferentes dos que o que verdadeiramente começaram jogando. Imagina-se que tenha sido um pedido da comissão técnica, aprovado pela diretoria, e executado. Todas as práticas absolutamente condenáveis pelos seguintes motivos:
– Jamais se chegará o dia em que isso será determinante para o resultado final de um jogo (como já não foi, uma vez que o Belo perdeu a final mesmo utilizando-se dessa prática ridícula nos dois jogos da decisão). No atual futebol, qualquer profissional minimamente competente tem como saber todas as possibilidades de como qualquer adversário pode atuar. Preguiçosos e entregadores de camisa não contam nessa lista;
– É um desrespeito com o torcedor, que paga ingresso, e com isso coloca dinheiro nos cofres dos clubes, para ver um espetáculo e não tem nenhuma informação sobre ele até praticamente o início do mesmo;
– É compreensível que, por haver um vínculo empregatício, o profissional se sujeite à um pedido que vá completamente de encontro a ética profissional de um jornalista, mas nem por isso deixa de ser condenável. Passar informação falsa para um companheiro de profissão é um absurdo. Há de se lembrar que, pelo menos, empregos vem e vão, e algum dia pode se estar do outro lado.
Como sonhador, para 2017 sigo com esperanças que este quadro mude. Porém, como alguém racional, analisando os cenários, é praticamente impossível que alguma melhora aconteça.