Valter Nogueira

por Valter Nogueira - 3 anos atrás

Discurso & Prática

O governo Bolsonaro, infelizmente, é mais um exemplo de que o discurso nem sempre se confirma na prática. Mais do que isso, ratifica a tese que diz: “desconfie daqueles que se dizem honestos demais, que apontam o dedo para o defeito dos outros e que se colocam acima do bem e do mal. A hipocrisia existe desde tempos anteriores a Jesus Cristo; os fariseus são exemplo emblemático.

Na campanha eleitoral de 2018, o então candidato a presidente Jair Bolsonaro adotou um discurso, o qual foi rasgado tão logo ele se sentou na cadeira presidencial. Falo da prática de negociar cargos em troca de apoio no Congresso Nacional.

O presidente Bolsonaro, que na campanha eleitoral prometeu não aceitar indicações políticas em áreas técnicas, manteve, por exemplo, a estrutura do Departamento de Logística (DLOG) do Ministério da Saúde nas mãos de políticos de partidos integrantes do ‘Centrão’, com quem se aliou em troca de apoio no Congresso.

As indicações para o DLOG passavam, todas, pelo crivo político do deputado federal Ricardo Barros.

Roberto Ferreira Dias, ligado a Barros, é o atual diretor do DLOG e está no cargo desde 2019. Isto é, no Ministério, já resistiu a três mudanças de ministros. Ele, também, responde a processos por suspeitas de desvio de verba pública.

Citamos o Departamento de Logística do Ministério da Saúde, neste artigo, porque  foi lá onde surgiram as suspeitas de corrupção envolvendo a compra da vacina indiana Covaxin.

Detalhe

O departamento é responsável por executar contratos bilionários. De 2019 a junho deste ano, autorizou pagamentos que somam R$ 24,8 bilhões, segundo o Portal da Transparência. É da competência do DLOG, por exemplo, coordenar as compras de bens e insumos estratégicos, como as vacinas contra Covid-19.

Discurso

Ainda na campanha eleitoral, Bolsonaro disse que não negociaria cargos com partidos políticos para manter a governabilidade no Congresso e definiu a prática como crime de responsabilidade.

“Qualquer presidente que distribua ministérios, estatais ou diretorias de banco para conseguir apoio dentro do Parlamento está infringindo o artigo 85 inciso 2 da Constituição”, afirmou o então candidato à Presidência, em 27 de outubro de 2018.

Resumo

Jair Bolsonara não passa de mais um mau político adepto da máxima: “Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço!”.