por Valter Nogueira - 3 anos atrás
Direito de espernear
Há uma expressão jocosa muito usada no meio jurídico, “Jus esperniandi”, que significa ‘direito de espernear’ ou ‘direito de reclamar’. É utilizada pelos operadores do Direito para definir a insatisfação de uma pessoa ante a perda de uma causa, mas que o orgulho não a deixa admitir a derrota perante a sociedade.
Por vezes, devido ao alto grau de vaidade, o perdedor, mesmo diante das evidências, insiste que não perdeu a causa, mas que foi “injustiçado”.
– A estes recalcitrantes, resta o direito de espernear!
A primeira reação destes perdedores é pôr em dúvida a lisura dos eventos. Isso corre, principalmente, no meio político. Isto é, quando um político de ego elevado antevê a derrota em uma eleição, por exemplo, trata logo de atacar a legitimidade do pleito antes mesmo da realização do evento.
Tentam, com mentiras, convencer seus seguidores de que o processo eleitoral em vista será fraudulento.
Exemplo emblemático
Algo do tipo ocorreu ano passado nos Estados Unidos, quando o então presidente Donald Trump, antevendo a derrota, lançou mão de fake News como forma de convencer os seus seguidores que haveria fraude na eleição presidencial.
O resultado todo mundo já conhece: a mentira tem pernas curtas e Donald Trump terminou por amargar uma derrota que jamais imaginara. O vexame foi a altura do orgulho e da prepotência do hoje ex-presidente Trump – derrotado nas urnas, até mesmo em estados tradicionalmente republicanos.
Trump não só pôs em dúvida a lisura do pleito como tentou, entre outros arroubos, denegrir a imagem do Estado da Pensilvânia, afirmando – sem provas – que o estado “tinha uma tradição de fraudar processos eleitorais”.
Resposta imediata
Em resposta ao destempero de Donald Trump, o Departamento de Estado da Pensilvânia, em nota, não só repudiou as acusações sem provas de Trump, como informou que ele (Trump) esqueceu que foi vitorioso no Estado na eleição anterior, em 2016, quando foi eleito presidente do Estados Unidos.
Em seguida, o governador local, Tom Wolf, arrematou: “Por que ele não falou em fraude na eleição passada, quando venceu aqui?”.
Resumo da ópera
É muito fácil atribuir aos outros o motivo do nosso fracasso. Poucos, para não dizer raros, têm a grandeza de reconhecer a derrota. E, mais do que isso, tirar lição da queda para, adiante, dar a volta por cima.