Valter Nogueira

por Valter Nogueira - 4 anos atrás

Diga não à corrupção

Em meio ao turvo clima de divergências políticas e ideológicas, há um uma convergência no país ao menos em um tema. Falo do combate à corrupção. Nesse aspecto, penso que o povo brasileiro não tolera mais atos referente à malversação do dinheiro público.

O povo está perplexo ante denúncias de corrupção praticada por governadores em plena crise de saúde pública. É claro que há também maus empresários que se aproveitam da situação – mas isso não isenta de culpa os maus gestores.

Há dois casos em tela, no momento. O primeiro no Estado do Pará, com suspeita de envolvimento do governador Hélder Barbalho, e, o segundo, no Rio de Janeiro, onde já há pedido de impeachment do governador Wilson Witzel.

Os acusados terão direito à defesa, no curso do processo. Pelo andar da carruagem, precisam de provas robustas para provar inocência. Em caso de corrupção comprovada, defendo que o infrator deve encarar os rigores da lei.

Política  

A política não é uma ciência exata, mas nessa seara há aspectos e pistas que levam a conclusões concretas.

Nesse campo, devo dizer que entendo um pouco do mundo político; caminhos retos e tortos do segmento. E a experiência no setor, adquiri no batente, ao longo do tempo militando como repórter.

Em 1988, foi promulgada a nova Constituição Brasileira. No ano seguinte (1989), foi a vez dos estados elaborarem suas novas constituições. Foi justamente nesse cenário que iniciei trabalho na cobertura política.

Infelizmente, a política é o meio onde há todo tipo de maquinação.

Caso do Rio   

O governador Witzel é suspeito de envolvimento em compras fraudulentas e superfaturadas de equipamentos e insumos para o combate à pandemia da Covid-19. O governador, claro, nega.

A Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) aprovou o início do processo de impeachment do governador Wilson Witzel, por crime de responsabilidade. A votação foi nessa quarta-feira (10), de forma remota.

Detalhe: Foram 69 votos pela abertura do processo e nenhum contra. Só um deputado, do total de 70 parlamentares, não compareceu à sessão virtual.

Intuição

Com base nas evidências, mesmo que comprovado o crime de Witzel, chama atenção a forma como se deu a rápida ação da Alerj contra o governador. De uma hora para outra, Witzel perdeu o apoio de todos os deputados – estranho!

Mesmo em tempo de crises, é comum governadores contar, ao menos, com meia dúzia de aliados nas casas legislativas. Quando uma Assembleia se volta na totalidade contra um governador, há algo nos bastidores.

Deputados estaduais, via de regra, não vivem apenas com o que lhe confere o mandato; precisam de cargos no governo do Estado. Só abdicam de cargos no plano estadual se tiverem amparo na esfera federal.

Interferência externa

Admito que a análise pode ser, apenas, uma intuição. Mas há algo de estranho no caso do Rio, no aspecto político. Por essa razão, não descarto interferência política externa – leia-se, Planalto.

Em todo caso, se o governador errou, que pague com a perda do mandato e responda pelo crime na Justiça, independente de intervenção alheia ou não.