Valter Nogueira

por Valter Nogueira - 3 anos atrás

Covaxin: há muita coisa a ser explicada

O Brasil tem uma máquina administrativa enorme, de tamanho desnecessário e que se “justifica”, apenas, para acomodar aliados com base na prática da troca de cargos por apoio à governabilidade no Congresso Nacional. Por essa razão, o presidente da República não tem como saber de tudo que acontece nos ministérios.

– Mas, em parte, sabe, sim!

Um gestor (presidente, governador, prefeito)  participa  ou deveria participar de toda ação que envolve grandes licitações, compras e contratos bilionários, sob pena de incorrer em crime de responsabilidade. Afinal, no final, será ele a pagar a conta.

No caso atual, ao suposto escândalo da Covaxin acrescente-se o fato de que a compra de vacinas contra a covid-19 está em foco, é assunto recorrente no Brasil ante à pandemia. E, ainda, no Ministério da Saúde – lembram? – , o presidente Bolsonaro manda, os ministros obedecem.

Em meio ao caos, surge uma nova linha de investigação:  a crise atual que aponta suposta corrupção no Ministério da Saúde pode começar num contrato para compra de vacina chinesa e terminar numa conta numerada no paraíso fiscal de Singapura.

Intermediário

No caso da Covaxin, é a primeira e única vez até agora em que o governo brasileiro precisou de um intermediário para comprar vacinas. No caso em questão, a conta não bate, tem muita coisa ainda a ser explicada pelo governo.

O governo nega – ou vinha negando – qualquer irregularidade no acordo de compra da Covaxin, no valor de R$ 1,6 bilhão, assinado no dia 25 de fevereiro. De acordo com o contrato, o governo pagaria US$ 15 a dose, valor bem mais alto do que o dos outros imunizantes já adquiridos pelo Ministério da Saúde.

CPI

Por tudo que veio à tona, de repente, a CPI da Covid vai colher nesta quinta-feira (1º) o depoimento do empresário Francisco Emerson Maximiniano, sócio da Precisa Medicamentos. Ele pode e deve esclarecer muita coisa.

A questão é a seguinte: Quanto a empresa ganharia com a intermediação da compra pelo governo brasileiro? E por que o fabricante indiano tentou receber um adiantamento de R$ 500 milhões a ser pago numa offshore em Cingapura, antes de entregar o primeiro lote de vacinas?