por Elison Silva - 7 anos atrás
Bolas cruzadas, fragilidade emocional e gols no fim dos jogos explicam declínio do Bota-PB
Muito se fala nos gols de bolas paradas cruzadas na área sofridos pelo Botafogo-PB na Série C, que foram determinantes em várias das nove derrotas sofridas pelo time na competição até o momento.
Porém, não é só isso. Antes de ser dispensado pelo clube, o técnico Ademir Fonseca ressaltou a falta de concentração dos seus antigos comandados, que resultavam em vários gols tomados na reta final das partidas.
Mesmo sem conseguir corrigir este defeito, o que talvez tenha sido um dos motivos da sua saída, não explicada pelo próprio ou pela diretoria, ele não poderia ter sido mais preciso nesta constatação. E, jogo a jogo, dá para perceber que, além do apagão que o time costuma sofrer nos lances de bola parada, também há um desleixo, principalmente depois dos 30 do segundo tempo. Além disso, a falta de confiança devido a sequência de resultados negativos deixa o time a ver navios quando toma gols. Não há poder de reação.
O início da série negativa começou a implantar essa marca incômoda no Belo. Na oitava rodada, o time perdeu para o ASA-AL, fora de casa, por 2 a 1. O gol da vitória dos alagoanos veio aos 43 minutos do segundo tempo, com Leandro Kível.
Contra o Sampaio Corrêa, na semana seguinte, jogando no estádio Almeidão, os gols da virada do adversário, que terminou o jogo com uma vitória por 2 a 1, saíram no meio do segundo tempo, aos 16 e aos 22 minutos, e o Bota-PB, que perdeu um pênalti com Vanderlei, não teve força de reação, demonstrando claramente a fragilidade psicológica da equipe pela primeira vez.
Pela décima rodada, contra o Cuiabá-MT, na Arena Pantanal, o gol de mais um revés botafoguense saiu após uma saída de gol inexplicável de Michel Alves, resultou em um pênalti cometido pelo arqueiro aos 25 da segunda etapa. Até o apito final da partida, aos 50 minutos, o time da estrela vermelha mais uma vez se mostrou inofensivo, sem criar uma chance sequer de empatar o jogo.
Diante do Fortaleza, talvez na pior exibição botafoguense na Série C de 2017, um gol em bola parada sofrido aos 12 minutos do primeiro tempo foi um balde de água fria nos jogadores em campo, que demonstravam nervosismo e impaciência a cada jogada. A falta de equilíbrio resultou em um pênalti infantil cometido por Lito no último lance do jogo, aos 48 do segundo tempo, e que decretou a vitória por 2 a 0 para os cearenses.
No estádio Rei Pelé, jogando contra o CSA-AL, o Belo saiu na frente do placar no fim da primeira etapa. Após o intervalo, sofreu o gol de empate aos 10 minutos, mas ainda mandou uma bola na trave aos 30. Só que o gol da virada dos alagoanos, dois minutos depois, desestabilizou o Bota-PB, que nada mais fez até o fim do jogo.
Itamar Schulle foi demitido após esta partida, e a chegada do motivador Ademir Fonseca, na teoria, serviria para deixar os atletas mais ligados.
Na estreia do novo comandante, contra o Salgueiro, no interior de Pernambuco, uma boa atuação que dava o status de melhor em campo ao goleiro adversário. Porém, aos 36 minutos do segundo tempo, Álvaro fez o gol que impôs mais uma derrota ao Belo, que apesar de ser melhor em campo durante os primeiros 75 minutos, após ter sua defesa vazada, nada mais criou.
O roteiro do drama botafoguense mudou um pouco na partida contra o Moto Club-MA, mas nem tanto assim, já que o time, que saiu vencendo, mas sofreu a virada no primeiro tempo, com direito a gol tomado aos 47 minutos. Depois do intervalo, dois gols em dez minutos, garantiram o único triunfo do time nas última nove partidas.
Tentando embalar e voltar a brigar pelo G4, o Belo teve um rival direto na parte de cima da tabela na sequência. Contra o Remo-PA, no Mangueirão, mais uma péssima partida dos paraibanos, mas o empate parecia garantido até perto do fim do jogo. Parecia. Aos 41 do segundo tempo, os paraenses deram um balão da intermediária para a área do Botafogo-PB, Val cochilou e só observou Eduardo Ramos receber a bola em suas costas e definir o placar de 2 a 1 para o Leão do Norte. Antes de acabar o jogo, os donos da casa tiveram mais chances de fazer o terceiro que o time da estrela vermelha conseguir empatar o placar novamente.
Por fim, na partida ante o Confiança-SE, no último domingo (27), o time da Maravilha do Contorno saiu atrás no placar, mas conseguiu empatar em um golaço de Warley, aos 28 do segundo tempo, o que deu a esperança aos botafoguenses deste panorama ser modificado. Porém, depois disso, o Belo não criou absolutamente nada, foi inofensivo, e acabou vendo o Dragão assumir o controle do jogo e desperdiçar algumas oportunidades, até que, aos 41 do segundo tempo, Frontini subiu sozinho e contou com falha de Michel Alves para, de cabeça, decretar a oitava derrota ao Botafogo-PB em nove rodadas.
Contra o ASA-AL, às 21h30 da próxima sexta-feira (01), o Bota-PB terá um adversário em situação mais desesperadora que a sua, que já é terrível. Caso não vença o jogo, os alagoanos, que ocupam a lanterna da competição, ficam maticamente rebaixados.
Além de falhas dentro das quatro linhas a serem corrigidas e a melhora do rendimento técnico de alguns jogadores que não correspondem dentro de campo, resta saber se o time terá preparo emocional para enfrentar esta importante batalha, agora sem contar com seu motivador, Ademir Fonseca, que deixou o cargo de treinador, e em seu lugar foi efetivado Ramiro Souza, muito querido dentro do clube.
Fazer com que os jogadores corram por ele talvez seja a última cartada da diretoria para tentar evitar um final trágico para o ano de 2017 do clube.