Valter Nogueira

por Valter Nogueira - 4 anos atrás

A lição de Alice

Emoldurados por ilustrações, diálogos e fantasias, os clássicos infantis parecem livros dirigidos apenas às crianças. Paradoxalmente, estes clássicos escondem temas relevantes e complexos, que mais interessariam ao público leitor adulto, sem que perca, contudo, a sua característica de livro infantil.

No livro ‘Alice no país das maravilhas’, de Lewis Carroll, em certo momento, a pequena Alice, desesperada para sair da situação em que se encontrava, sai correndo e se depara com vários caminhos. Em seguida, ela para, vê um gato, e dar-se o seguinte diálogo:

– O senhor poderia me dizer, por favor, qual o caminho que devo tomar para sair daqui?

– Isso depende muito de para onde você quer ir, respondeu o Gato.

– Não me importo muito para onde, contanto que dê em algum lugar, retrucou Alice.  

– Então não importa o caminho que você escolha, disse o Gato.

Moral da história

Quando você não sabe o que quer, qualquer coisa serve. No caso de Alice, o Gato quis dizer: “Se não se importa, pegue qualquer um”. E é aí que mora o perigo, o desespero pode levar a pessoa de uma situação ruim para outra pior.

Ao homem é recomendável saber o que quer, ou, no mínimo, ter um plano ‘B’; saber onde fica a rota de fuga. De nada adianta sair correndo sem direção, de forma atabalhoada, tentando escapar de um lobo e, em seguida, cair nas garras de leões.

Erro primário

Esse erro primário parece acontecer com o povo brasileiro, na hora de votar. Muitos sabem que o candidato A é o ideal, mas não votam nele porque acham que ele não tem musculatura para vencer a eleição. Pior, com a ânsia de derrotar o candidato B, apostam suas fichas em um terceiro, por vezes, aquele que desponta nas pesquisas.

Agindo de tal forma, o eleitor pode até atingir o seu objetivo de momento, mas corre o risco de cair nas garras de um tirano. Esse procedimento é como que um caminho que leva você do nada a lugar nenhum.

Aí é tarde, Inês é morta!