CIÊNCIA: Até 150 anos? Estudos investigam os limites do envelhecimento humano

CIÊNCIA: Até 150 anos? Estudos investigam os limites do envelhecimento humano

Por Edmilson Pereira - Em 3 anos atrás 827

Uma das perguntas que mais intrigam o homem é por quanto tempo podemos viver. Pesquisadores de todo o mundo buscam uma resposta para essa questão — e para outras dúvidas relacionadas à longevidade. Aos poucos, começam a desvendar alguns segredos. Um grupo internacional de cientistas, por exemplo, chegou à conclusão de que podemos chegar aos 150 anos de idade, período limite para que o corpo consiga se recuperar de enfermidades.

Já pesquisadores americanos observaram que mais pessoas podem se tornar supercentenárias até o fim deste século e estimam até um possível recorde: 130 anos. Segundo especialistas, esses dados, além de refletir os avanços obtidos na área médica nas últimas décadas, podem contribuir para que um número maior de pessoas viva por mais tempo e com qualidade.

“As pessoas são fascinadas pelos extremos da humanidade, seja ir à Lua, seja a velocidade com que alguém pode correr nas Olimpíadas, seja até mesmo quanto tempo uma pessoa pode viver”, afirma  Michael Pearce, pesquisador e professor de estatística da Universidade de Washington, nos Estados Unidos. O cientista explica que o número de pessoas que vivem além dos 100 anos está aumentando há décadas, chegando a quase meio milhão em todo o mundo. Mas existem muito menos “supercentenários”, indivíduos que vivem 110 anos ou mais. “A francesa Jeanne Calment faleceu aos 122 anos em 1997 e, atualmente, a pessoa mais velha do mundo é a japonesa Kane Tanaka, com 118 anos”, detalha o pesquisador.

Pearce e sua equipe concluíram que essa longevidade extrema deverá aumentar lentamente até o fim deste século. “Nos deparamos com dados mais animadores do que imaginávamos”, conta. No estudo, publicado na revista Demographic Research, foi avaliado qual seria a maior expectativa de vida humana em qualquer lugar do mundo, até 2100. Os cientistas usaram estatísticas Bayesianas, uma ferramenta matemática para estudos probabilísticos, e informações do Banco de Dados Internacional sobre Longevidade. Criado pelo Instituto Max Planck de Pesquisa Demográfica, na Alemanha, o banco rastreia informações sobre supercentenários de diversos países.

Após análises e cálculos, o grupo estimou que o recorde mundial de 122 anos certamente será quebrado (100% de probabilidade) ainda neste século. Os especialistas também avaliam que é de 13% a probabilidade de alguém viver até os 130 anos, e que é “extremamente improvável” que algum indivíduo consiga chegar aos 135 anos até 2100. “O recorde de idade atual muito provavelmente será quebrado, e também acreditamos que o número de supercentenários vai crescer significativamente. Mesmo assim, pessoas que alcançam longevidade extrema ainda são consideradas raras o suficiente para representarem uma população selecionada, e, por isso, merecem uma atenção extra”, ressalta Pearce.

Henrique Neto, médico com atuação em endocrinologia e longevidade na clínica Viva Mais, em Brasília, acredita que as previsões devem ser cumpridas. “Os limites estabelecidos para a expectativa de vida humana sempre foram quebrados. Vimos isso acontecer com análises feitas principalmente entre o período de 1928 e 1990”, justifica. “Sem dúvidas, a possibilidade de ampliar a idade a esse ponto se deve aos avanços do conhecimento e de tratamentos médicos que tivemos ao longo do tempo.”

O médico relata que as pesquisas que tentam entender melhor o envelhecimento aumentaram nos últimos anos e têm sido bastante reconhecidas. “A longevidade é um assunto que vem sendo mais discutido e estudado. Um ponto crucial para um bom entendimento desse fenômeno está ligado ao estudo dos telômeros e da enzima que os protege, que é chamada de telomerase. As descobertas feitas nessa área até renderam a Elizabeth Blackburn o Prêmio Nobel de Medicina em 2009”.

A expectativa do especialista brasileiro é que surjam outros trabalhos científicos também expressivos, além de um efeito maior dessas descobertas sobre a vida das pessoas. “Essas informações novas nos direcionam para o desenvolvimento de um modelo de vida supercentenário, em que vamos buscar a manutenção constante da nossa biologia. Apesar do imparável avanço da idade cronológica, a medicina da longevidade nos mostra que temos que buscar alternativas que nos garantam uma vida mais ativa, duradoura, abundante e feliz.”

Fonte: Paraíba Notícia com informações do Correio Braziliense