Brasil melhora desempenho escolar em ciência, leitura e matemática, aponta Pisa
Por Edmilson Pereira - Em 5 anos atrás 839
A educação brasileira tem motivos para comemorar: o desempenho dos estudantes no país melhorou em todos os níveis analisados pelo Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) em 2018. Ainda que de maneira tímida, as médias em leitura, matemática e ciências aumentaram na comparação com 2015, quando a última edição da prova trienal foi aplicada. Contudo, mesmo superando a performance anterior, o país ainda está muito abaixo da média mundial – e fica entre os cinco piores da América Latina.
O melhor resultado foi da Estônia, que teve as maiores notas médias em leitura e ciências, ficando atrás apenas de países asiáticos em matemática. Além da Europa, que tem Finlândia, Irlanda, Polônia, Suécia e Reino Unido entre as nações melhor avaliadas, há ainda representantes da América do Norte (Canadá e Estados Unidos), da Oceania (Nova Zelândia) e da Ásia (Coreia do Sul) entre os 10 melhores. O Pisa 2018 foi aplicado em 79 países e teve os resultados divulgados nesta terça-feira (3).
No Brasil, não houve aumento expressivo em nenhuma das áreas avaliadas, mas o país tem demonstrado um crescimento consistente. As médias subiram entre cinco e seis pontos de 2015 para 2018, chegando a 413 em leitura – o maior da série histórica nacional –, 383 em matemática e 404 em ciências. Os resultados globais são de 487 em leitura, 489 em matemática e 489 em ciências. No desempenho histórico, o aumento ficou entre dois e cinco pontos, sendo mais expressivo em matemática e menos em ciências.
Ao contrário do que previa o ministro da Educação, Abraham Weintraub, o Brasil não ficou em último lugar da América do Sul na avaliação internacional. Entre os países latino-americanos, incluindo o Caribe, o Brasil teve resultados piores que Chile, México, Colômbia e Uruguai, mas ficou à frente da Argentina, do Peru, do Panamá e da República Dominicana.
Já no cenário mundial, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), entidade que reúne países desenvolvidos e é a responsável pela coordenação do teste, incluiu o Brasil entre os destaques na inclusão de estudantes no Ensino Médio.
“Entre 2003 e 2018, Brasil, Indonésia, México, Turquia e Uruguai matricularam muito mais estudantes de 15 anos na educação secundária sem sacrificar a qualidade da educação oferecida”, apontou o relatório. “Uruguai e Brasil também aumentaram o número de estudantes de 15 anos elegíveis para participar do Pisa, apesar de terem uma população menor de pessoas com 15 anos em 2018 do que em 2003”, prossegue.
Motivos para comemorar, mas com cautela
Apesar dos destaques positivos, a análise dos resultados da prova aponta que, além de as notas do Brasil terem ficado bem abaixo da média mundial, o desempenho individual dos estudantes também não apresentou bons índices. Apenas 2,5% dos alunos alcançaram as notas mais altas em qualquer uma das áreas analisadas, e 43,2% do total de estudantes ficou abaixo do nível mínimo esperado de proficiência em ciências, leitura e matemática. A média mundial foi, respectivamente, de 15,7% e 13,4%.
O desempenho dos jovens brasileiros melhorou em matemática, mas esse foi apenas o terceiro melhor resultado em seis edições. E, apesar do aumento de 28 pontos entre 2013 e 2018, o aprendizado se deu principalmente em edições anteriores do Pisa. Desde 2009, o conhecimento relacionado aos números, assim como em leitura e ciências, não teve melhora significativa.
O relatório da avaliação aponta que o fator socioeconômico tem impacto relevante sobre o desempenho dos estudantes, sendo determinante para o aprendizado em todas as áreas analisadas. Estudantes mais beneficiados econômica ou socialmente demonstraram, por exemplo, 97 pontos a mais em leitura que os menos favorecidos – a média dos países da OCDE foi de 89 pontos em 2018. Mas há quem supere isso: 10% dos estudantes em desvantagem socioeconômica ficaram entre aqueles com melhor performance em leitura, conforme o Pisa.
Outras discrepâncias do Brasil em relação aos demais países foram também a necessidade de esperar muito tempo para que a sala de aula fique em silêncio (41% dos estudantes relataram o problema, contra 26% da média mundial) e a incidência de faltas nas semanas que antecederam o exame (50% dos estudantes faltaram a pelo menos um dia de aula no Brasil duas semanas antes do Pisa, enquanto a média global ficou em 21%).