Brasil constrói radiotelescópio na serra do Urubu em Piancó para conhecer Universo jovem
Por Edmilson Pereira - Em 7 anos atrás 1022
A partir do fim de 2019, o Brasil terá um radiotelescópio erguido no meio do sertão da Paraíba, mais precisamente na serra do Urubu, no município de Piancó.
A estrutura com dois espelhos e diâmetro de cerca de 40 metros é parte de um projeto internacional que terá a maior parte de seus recursos bancada pela fundação de apoio a ciência de São Paulo.
O radiotelescópio será capaz de detectar ondas de rádio, produzidas por uma emissão de hidrogênio neutro, na frequência de 1420 MHz.
Os pesquisadores pretendem medir a frequência específica da radiação eletromagnética do hidrogênio quando o Universo era “jovem”, há bilhões de anos.
O projeto custará cerca de U$ 4,2 milhões (cerca de R$ 13,1 milhões) virá do financiamento da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).
A obra no sertão da Paraíba está prevista para acabar em agosto de 2019.
No grupo que lidera a construção há cientistas do Inpe, da USP, e da UFCG (Universidade Federal de Campina Grande), além de pesquisadores do Reino Unido, da Suíça, do Uruguai e da China.
O radiotelescópio brasileiro deverá complementar as informações de dois outros telescópios internacionais, um canadense, já em atividade, e um chinês, ainda em construção.
O canadense Chime é composto por quatro equipamentos de 100m de comprimento por 20m de largura, dispostos um ao lado do outro. Segundo o pesquisador do Inpe, já está em funcionamento, mas sua performance ainda apresenta uma série de problemas.
Universidade de Toronto
O telescópio canadense Chime também tem por objetivo o estudo do Universo jovem
O radiotelescópio chinês Tianlai, em obras, terá cerca de 2.000 unidades receptoras em uma área de 120 metros quadrados.
Wuensche destaca que o Bingo vai estudar o Universo em uma época mais recente do que esses dois telescópios –a análise do Bingo vai de “muitos milhões de anos após o Big Bang até dois bilhões de anos”. Uma época que, segundo o pesquisador do Inpe, a Via Láctea já estava formada e a “matéria já estava aglutinada”.
Do Uruguai para o sertão da Paraíba
A princípio, o telescópio seria construído no norte do Uruguai. Questões de financiamento e infraestrutura locais, no entanto, inviabilizaram a escolha –o local deveria ficar longe de sinais de celular e de rádio, bem de como rotas de avião.
“Nós tivemos alguns problemas na definição do sítio uruguaio e começamos a procurar alternativas no Brasil”, diz Abdalla. “Avaliamos duas unidades regionais do INPE, em Santa Maria (RS) e Cachoeira Paulista (SP), regiões próximas a Brasilia e noroeste da Bahia. No fim, acabamos decidindo por um sítio na Paraíba. O ambiente é bastante livre de poluição eletromagnética e geograficamente é muito adequado para a construção do telescópio”.
Redação e Portal Uol