Após dia de confrontos entre facções do tráfico, Rocinha tem madrugada de aparente tranquilidade

Após dia de confrontos entre facções do tráfico, Rocinha tem madrugada de aparente tranquilidade

Por Edmilson Pereira - Em 7 anos atrás 1009

Após dia de confrontos, Rocinha, no Rio de Janeiro, tem madrugada de aparente tranquilidade

A favela da Rocinha, na zona sul do Rio, que há uma semana é palco de guerra entre facções e tiroteios que provocaram uma nova onda de pânico no Rio, teve uma madrugada de domingo (24) de aparente tranquilidade.

Após um sábado (23) com três mortos em confrontos e nove presos, não houve registro de troca de tiros na região até o início da manhã, segundo informações da Polícia Militar e da Secretaria de Segurança Pública,

No sábado, houve tiroteios durante a madrugada e no período da tarde. Três pessoas morreram durante os confrontos ocorridos à tarde em locais do outro lado da Floresta da Tijuca, que circunda a Rocinha e é usada pelos bandidos como esconderijo e rota de fuga.

Ao todo, nove homens foram presos e 18 fuzis foram apreendidos, além de sete granadas e 2.136 munições, segundo balanço da secretaria da Segurança Pública.

A Polícia Militar trocou tiros com suspeitos em pontos do Alto da Boa Vista, Tijuca e Santa Teresa. Nos dois primeiros casos, a Polícia Civil confirmou a suspeita de vínculo com os conflitos na Rocinha.

No Alto da Boa Vista, dois homens foram mortos e dois, presos, segundo a Polícia Civil. Foram apreendidos dois fuzis. Uma criança de 13 anos foi baleada e levada para o Hospital Souza Aguiar. Na Tijuca, uma pessoa foi morta em confronto com a PM e outra, presa.

Na madrugada de sábado (23), quatro homens foram presos pelas Forças Armadas ao tentar fugir da Rocinha fazendo um taxista como refém.

A Polícia Civil do Rio também investiga se um dos chefes do grupo que entrou em guerra há uma semana na Rocinha voltou à favela na manhã de sábado.

Segundo as investigações, Rogério Avelino, conhecido como Rogério 157, teria embarcado em um táxi no Jardim Botânico, zona sul do Rio, fez o motorista refém e seguiu com outros três comparsas em direção à Rocinha, em São Conrado.

O objetivo seria usar o táxi para despistar os policiais e furar bloqueios de militares nos acessos à favela. Após conseguir passar por duas barreiras, o veículo teria sido abordado por policiais em uma das entradas da Rocinha.

Houve troca de tiros. O motorista relatou que teve que se jogar do carro em movimento para fugir dos disparos. Os suspeitos conseguiram fugir, mas deixaram parte de suas armas no carro.

O delegado da 11a DP (Rocinha), Antônio Ricardo Lima, declarou na noite deste sábado que o relato do motorista está de acordo com as investigações, de que o chefe do bando teria voltado à favela.

Não há informações, contudo, de quando ele teria deixado a Rocinha. Acreditava-se até então que Rogério 157 estaria junto de comparsas escondido na mata ou em casas no morro.

Na sexta-feira (22), os tiroteios levaram a polícia a fechar, por quatro horas, a autoestrada Lagoa-Barra, principal via de ligação entre as zonas sul e oeste da cidade, onde está sendo realizado o Rock in Rio.

Houve trocas de tiros também em ao menos outras sete comunidades do Rio. A onda de violência gerou uma série de boatos e espalhou a sensação de insegurança pela população, com fechamento de escolas, postos de saúde e comércio.

CONFLITO DE FACÇÕES

A Rocinha enfrenta confrontos entre facções pelo controle do tráfico desde domingo (17). O conflito envolve os traficantes Antônio Bonfim Lopes, o Nem, preso em 2011, e seu sucessor no comando, Rogério 157.

Nem estaria insatisfeito com a atuação de Rogério, que passou a cobrar os moradores por serviços como água e mototáxi. Determinou a invasão de dentro de presídio federal em Rondônia, com apoio de criminosos da facção ADA (Amigo dos Amigos), a segunda maior do Rio. Rogério teve o reforço de bandidos do CV (Comando Vermelho).

A Polícia Civil prendeu na madrugada de sábado Luiz Alberto Santos de Moura, conhecido como Bob do Caju. Segundo a investigação, o criminoso é um dos responsáveis pela invasão da Rocinha no último domingo (17).

Ele foi encontrado num bairro residencial da Ilha do Governador (zona norte) com uma pistola. A polícia também apreendeu dez fuzis que seriam levados do morro do Caju ao do São Carlos, para armar bandidos que dariam apoio ao tráfico na Rocinha.

A informação aponta que as armas foram utilizadas na invasão do último domingo, mas haviam retornado ao Caju em decorrência das operações policiais.

A juíza Yedda Assunção decretou a prisão temporária de Celso Luiz Rodrigues, o Celsinho da Vila Vintém, preso há 15 anos, e outras 16 pessoas pela invasão da Rocinha.

Celsinho, fundador da ADA, foi transferido do presídio federal de Porto Velho para o Rio em maio, de onde teria dado a ordem de apoio ao aliado Nem.

Redação e Agência  Folha