Apoio pedagógico: Projetos da Prefeitura de João Pessoa promovem inclusão educacional, social e cognitiva de pessoas com deficiência

Apoio pedagógico: Projetos da Prefeitura de João Pessoa promovem inclusão educacional, social e cognitiva de pessoas com deficiência

Por Edmilson Pereira - Em 1 mês atrás 7

A Prefeitura de João Pessoa entende a importância em promover a inclusão educacional, social e cognitiva de pessoas com deficiência e vem realizando ações e projetos deste tipo por meio de diferentes secretarias municipais.

Crianças e adolescentes contam com o serviço multidisciplinar do Centro de Referência Municipal de Inclusão para Pessoas com Deficiência. O projeto ‘Esporte Sem Limites’ oferece handebol, futsal e voleibol para pessoas com restrições motoras. Nas escolas municipais, alunos surdos ganham autonomia com o apoio pedagógico de professores que ensinam através da Língua Brasileira de Sinais – Libras.

Em 2023, a Secretaria de Educação e Cultura (Sedec) implantou a Escola Bilíngue em Libras em duas unidades da rede municipal de ensino. O projeto nasceu a partir do diálogo com a associação de surdos e as famílias dos alunos matriculados nas escolas municipais.

“Os estudantes já contavam com a garantia do intérprete de Libras nas salas de aula. Mas era preciso promover a inclusão educacional, social e cognitiva do aluno surdo na escola regular, ao mesmo tempo assegurar a formação integral baseada nos princípios da autonomia, solidariedade e competência acadêmica”, destaca a chefe do Departamento de Ensino Fundamental da Sedec, Cláudia Costa Duarte.

O projeto funciona na Escola Municipal Celso Monteiro Furtado, onde atende 18 crianças surdas da pré-escola aos anos iniciais (1º ao 5º ano); e na Escola Municipal Leonel Brizola, com outros 18 estudantes do 6º ao 9º ano. Os estudantes são beneficiados com o transporte escolar, garantido assim o translado de casa para as unidades.

As aulas na Escola Bilíngue em Libras seguem o currículo comum da rede municipal de ensino, acrescida da parte diversificada, com o ensino de Libras e Português como segunda língua. As turmas são acompanhadas por professores com licenciatura em Libras, instrutores e intérpretes, que auxiliam no processo de ensino e aprendizagem e na produção do material adaptado para os estudantes surdos.

Uma das professoras da Escola Bilíngue em Libras da rede municipal é Sandra Diniz. Ela trabalha com a comunidade surda há 33 anos. É formada em Letras – Libras e é mestre com foco na educação para surdos. Segundo ela, o diferencial do projeto é o respeito à língua materna (Libras) dos estudantes surdos e a interação social entre alunos ouvintes e surdos.

“Já temos alunos ouvintes que aprenderam naturalmente Libras e se comunicam muito bem com amiguinhos surdos. Isso tem um impacto significativo para toda uma comunidade”, ressalta a educadora. “Além disso, o projeto faz com que o aluno surdo também seja protagonista na sala de aula. Eles aprendem dentro da metodologia adequada, que entende que o aprendizado dele é diferente do aluno ouvinte”, acrescenta Sandra Diniz.

Recentemente, os alunos da Escola Municipal Celso Monteiro Furtado traduziram os principais clássicos da literatura infantil para Libras. Eles foram fotografados contando as histórias. Os professores reuniram, imprimiram e encadernaram as imagens, e convidaram as crianças para uma sessão de autógrafos para pais e convidados. E agora, os clássicos ficam disponíveis na biblioteca da escola para que outros alunos possam aprender a contar as histórias em Libras.

Mais inclusão – A rede municipal de saúde de João Pessoa oferece atendimento acompanhado por intérpretes da Libras para as pessoas surdas. A assistência para este grupo faz parte do projeto ‘Mãos que Multiplicam Saúde’, que tem o objetivo de garantir a acessibilidade no atendimento clínico de usuários com deficiência auditiva.

Atualmente, os intérpretes de Libras da rede municipal de saúde estão nas Policlínicas do Cristo, Jaguaribe e Mangabeira, mas o acompanhamento é oferecido também nas outras policlínicas, além de hospitais e unidades de saúde da família (USFs) durante as consultas médicas, exames de rotina e outros atendimentos em que haja necessidade.

Para ter acesso ao acompanhamento do intérprete de Libras durante algum atendimento, o usuário com deficiência auditiva deve solicitar diretamente no serviço de saúde em que será atendido, por meio de agendamento, e será acompanhado por um intérprete na data marcada.

“Nós participamos de um grupo no WhatsApp com a comunidade surda de João Pessoa e, por meio desse canal, a gente consegue oferecer um atendimento mais acolhedor e humanizado, porque acompanhamos de perto suas demandas”, explica a assistente social e intérprete de Libras da rede municipal, Rosângela Lima.

O projeto ‘Mãos que Multiplicam Saúde’ oferece, também, cursos de capacitação a profissionais de saúde de João Pessoa. Desde o início do projeto, em 2014, aproximadamente 250 funcionários já foram habilitados com conhecimentos básicos para atendimento e acolhimento ao público em diversos serviços da rede municipal de saúde como policlínicas, hospitais, unidades de saúde da família e Ouvidoria da Saúde.

Desporto com inclusão – Goalball e futebol de 5, dança em cadeiras de rodas, capoeira, futsal, voleibol sentado, bocha e parajiu-jitsu. Estas são as atividades contempladas no projeto ‘Esporte Sem Limites’, administrado pela Secretaria de Juventude, Esporte e Recreação (Sejer).

O projeto atende crianças e adolescentes assistidos pelo Centro de Referência Municipal de Inclusão para Pessoas com Deficiência, bem como alunos das entidades Pestalozzi e Associação de Pais Amigos dos Excepcionais (Apae).

“Queremos proporcionar momentos de integração, diversão e desenvolvimento de habilidades motoras e cognitivas para crianças, jovens e adultos com deficiência. Hoje são, em média, 80 participantes, sendo quatro profissionais de educação física da rede municipal atuando no projeto”, conta o coordenador do ‘Esporte Sem Limites’, Fábio Dias.

As aulas acontecem no Ginásio de Esportes Ivan Cantisani, localizado no bairro de Tambiá, nas terças e quintas, das 7h30 às 11h e das 13h30 às 16h30. As inscrições para participar do projeto são realizadas sempre no início do ano.

Tardezinha Inclusiva – A alegria, o entusiasmo e a diversão tomam conta do Centro Cultural de Mangabeira no último domingo de cada mês. É que mães e filhos se reúnem para a Tardezinha Inclusiva – ação realizada pela Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope), Associação Paraibana de Autismo (APA) e Turma Tá Blz. O projeto tem como objetivo colocar na agenda da sociedade pessoense a inclusão social de crianças com espectro autista.

A Tardezinha é um espaço para as crianças brincarem, correrem, dançarem e cantarem com as atrações musicais. As mães que participam do projeto se sentem acolhidas, pois estão num espaço seguro em que todas ali compartilham de experiências parecidas.

A promotora de eventos Janice Silva de Medeiros, de 42 anos, e a filha Jenifer Carla, de 7 anos, participam da Tardezinha Inclusiva há dois anos. Segundo Janice, o projeto é um espaço de acolhimento, já que, em geral, a sociedade é preconceituosa com pessoas com espectro autista.

“Todos os dias são novas experiências para quem convive com um autista. E aqui a gente aprende uns com os outros. É muito gratificante um espaço como esse para a gente trazer as crianças para brincar, e, nós mães, acabamos nos divertindo também”, compartilhou Janice.

O diretor executivo da Funjope, Marcus Alves, ressaltou que a Tardezinha Inclusiva é uma das políticas que a Prefeitura de João Pessoa vem realizando para a inclusão social de crianças e jovens com espectro autista por meio das artes. O projeto já promoveu, por exemplo, piquenique, sessão de cinema, encenação teatral e quadrilha junina com os integrantes.

“Esse projeto mostra que as crianças autistas têm criatividade e condições de interação social. Uma ação integrada que articula cultura, arte, assistência jurídica, psicopedagogia e assistência social”, comenta Marcus Alves.

Ação integrada – O Centro de Referência Municipal de Inclusão para Pessoas com Deficiência (CRMIPD) é a porta de entrada para a população acessar esses e outros serviços municipais que promovem a inclusão de pessoas com deficiência. O espaço é administrado pelas Secretarias de Desenvolvimento Humano e Cidadania (Sedhuc), Secretaria de Saúde (SMS) e Secretaria de Educação e Cultura (Sedec).

Ao chegar lá, a criança ou o adolescente passa por uma triagem multiprofissional de avaliação e é encaminhado para os serviços especializados. A equipe multidisciplinar do Centro de Referência realiza atendimentos nas mais diversas áreas, como Psicologia, Fonoaudiologia, Fisioterapia, Arteterapia, Educação Física, Psicopedagogia, Ortopedia, Neuropediatria, Psiquiatria e Assistência Social.

Segundo a coordenadora de Saúde do CRMIPD, Nadja Nubia Marques Serrano, o espaço tem 532 usuários cadastrados e realiza, em média, dois mil atendimentos por mês. São oferecidas três refeições diárias para os usuários e seus responsáveis.

“O Centro de Referência foi totalmente reformado e adaptado para receber essa comunidade. Cada usuário tem seu horário fixo e programado para que o mesmo venha em um único turno, sendo uma vez por semana os seus atendimentos”, conta Nadja Serrano. “É também por meio do Centro de Referência que essas crianças e adolescentes são encaminhados para escolas municipais, estaduais e particulares, bem como para outras unidades da rede municipal e estadual, como Caps I, Funad, PSFs”, acrescenta.

O espaço também realiza a triagem de avaliação para diagnóstico, ou seja, acompanha pessoas que ainda não possuem laudo médico e desejam ser avaliadas por especialistas. “O agendamento para essa ação é realizado no último dia útil de cada mês, presencialmente, a partir das 7h da manhã. As fichas são entregues por ordem de chegada”, explica Nadja Serrano.

Para a coordenadora, a maior alegria de trabalhar com esse público é acompanhar seu progresso e suas conquistas. “Aqui não temos um olhar limitador para essas crianças e adolescentes. Temos casos de pacientes que estão exercendo funções em órgãos públicos como o Tribunal de Justiça, se tornam atletas paraolímpicos estaduais, escritores e designers. E saber que fizemos parte de sua trajetória, é uma grande recompensa”, finaliza.

Serviço – Centro de Referência Municipal de Inclusão para Pessoas com Deficiência

Endereço: Rua Otto Feio da Silveira, 161 – Pedro Gondim

Funcionamento: De segunda a sexta, das 8h às 12h e das 13h às 17h

Contato: (83) 3213-7741

Serviço – Quer aprender Língua Brasileira de Sinais – Libras?

O Centro de Línguas Estrangeiras de João Pessoa (Celest), coordenado pela Sedec, oferece o curso de Libras de forma gratuita. As inscrições são online e acontecem todo início de semestre.

Foto: Secom-JP/Kleide Teixeira