ADOÇÃO: 8,7 mil crianças à espera de uma família no Brasil

ADOÇÃO: 8,7 mil crianças à espera de uma família no Brasil

Por Edmilson Pereira - Em 7 anos atrás 977

“Uma emoção muito forte, igual a primeira vez em que vi meu filho biológico, Heitor, recém-nascido na maternidade. Nem mais, nem menos”. É dessa forma que o jornalista Lucio Pereira Mello descreve o primeiro encontro com sua filha Jéssica, adotada aos sete anos. Lúcio e sua mulher Bianca Tinoco, moradores do Distrito Federal, optaram pela adoção para ampliar a família.

Jéssica morava em uma instituição de acolhimento em Minas Gerais com quatro irmãos, que também foram adotados por outras famílias no mesmo momento. A adoção aconteceu há dois anos – antes disso, Lúcio, Bianca e Jéssica estavam entre os milhares de nomes do Cadastro Nacional de Adoção (CNA), na expectativa desse encontro emocionante.

Nesta sexta-feira (25), Dia Nacional da Adoção, há 8,7 mil crianças e adolescentes e 43,6 mil pretendentes estão cadastrados no CNA, coordenado pela Corregedoria do Conselho Nacional de Justiça desde 2008. Na última década, mais de 9 mil adoções foram realizadas. Só no período de janeiro a maio deste ano, 420 famílias foram formadas com o auxílio do CNA.

Com o cadastro, as varas de infância de todo o País passaram a se comunicar com facilidade, agilizando as adoções interestaduais. Até então, as adoções das crianças dependiam da busca manual realizada pelas varas de infância para conseguir uma família.

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Adoção de Jéssica foi interestadual e, antes de obterem a guarda provisória, o casal viajou algumas vezes a Minas Gerais para conhecê-la. A aproximação foi gradativa e, antes da viagem, trocaram mensagens, cartas, desenhos e vídeos em que a família se apresentava, de maneira descontraída, para Jéssica.

De acordo com Lúcio, o casal frequentou por um ano grupos de apoio e preparo à adoção, coordenados pela ONG Aconchego, em Brasília, o que foi fundamental na aproximação cuidadosa que tiveram com a filha. “O preparo fez com que tivéssemos consciência da necessidade de preservação da criança, aguardamos a autorização da vara de infância e fizemos os encontros com a supervisão dos profissionais do abrigo”, disse.

O casal já estava habilitado desde 2014, para adotar uma criança com perfil até cinco anos. No entanto, dois anos depois, decidiram ampliar o perfil para uma criança mais velha. “Fomos trabalhando essa ideia do perfil idealizado, que na sociedade é quase sempre o de uma menina de pele clara, menor de cinco anos e saúde perfeita”, disse.

Para Lúcio, o fato de os irmãos também terem sido adotados na mesma época por outras famílias de Brasília facilitou a relação com a filha. “Hoje ela convive com os irmãos, marcamos encontros. Temos um grupo no WhatsApp chamado ‘Nossos filhos’, e todos continuam sendo irmãos”, conta. O pai costuma apresentá-la como “a mais nova filha mais velha”, pelo fato de Jéssica ser dois anos mais velha do que o seu primeiro filho.

Cadastro mais ágil e transparente

Este ano, uma nova versão entrará em funcionamento para as varas de Infância e Juventude de todo o Brasil. O novo cadastro, que permitirá a pretendentes à adoção uma busca mais rápida e ampla de crianças, é resultado de propostas aprovadas pela maioria dos servidores e magistrados que participaram de debates nas cinco regiões do País este ano, organizadas pela Corregedoria.

Outra novidade é a junção dos cadastros de adoção e o de crianças acolhidas, de forma a possibilitar a pesquisa sobre o histórico de acolhimento da criança, anexando informações como relatório psicológico e social, além de fotos, vídeos e cartas.

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 CNJ apoia livro para pretendentes à adoção

“Não, não foi amor à primeira vista. Não olhamos para ele e dissemos ‘é o nosso filho’ e nem ele olhou para nós e disse ‘são os meus pais’. Mas construímos, ao longo destes dois anos, nossa relação como pais e filho.”, disse Rafael, pai do Alberto, adotado aos onze anos. O depoimento de pai, faz parte de uma das dezesseis histórias que são contadas no guia “Três vivas para a adoção”, que estará a partir de hoje à disposição de todos os cidadãos no portal do CNJ.

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Para a ativista Fabiana Gadelha, o guia é um convite à reflexão sobre realidade do procedimento, as angústias, alegrias e descobertas de ser mãe e pai. “O livro foi feito especialmente para aconchegar e conversar com quem tem interesse ou curiosidade sobre adotar um filho ou filha”, disse Fabiana, mãe por adoção e coautora da obra junto à Patricia Almeida, ativista internacional do direito das pessoas com deficiência.

Além de um passo a passo explicativo, informações sobre a Busca Ativa e informações sobre os diversos tipos de adoção, também há no guia depoimentos de famílias que se formaram por meio da adoção, com histórias envolvendo a adoção tardia, adoção de crianças com deficiência, entre outras.

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A obra é uma realização do MAIS – Movimento de Ação e Inovação Social (Movimento Down e Movimento Zika), com apoio da Associação Nacional de Grupos de Apoio à Adoção (Angaad), da ONG Aconchego e da Fundação Ford. O  guia conta com o apoio do CNJ e da Associação Brasileira dos Magistrados da Infância e Juventude (Abraminj) e Forum Nacional de Justiça Protetiva (Fonajup).

Redação e Assessoria do CNJ