RACISMO: 'No Brasil, a cor do meu filho faz com que as pessoas mudem de calçada', se queixa Taís Araújo

RACISMO: ‘No Brasil, a cor do meu filho faz com que as pessoas mudem de calçada’, se queixa Taís Araújo

Por Elison Silva - Em 7 anos atrás 1395

A atriz Taís Araújo falou sobre problemas sociais tendo como base sua experiência como mãe de duas crianças em palestra feita no evento TED x SãoPaulo, realizado no dia 6 de novembro, que teve como tema “Mulheres que Inspiram”, e teve parte de seu conteúdo disponibilizado na internet nesta semana.

No discurso, Taís ressalta a diferença entre ser mãe de uma menina e um menino, levando em conta as dificuldades que serão enfrentadas por cada um no futuro, e também as enfrentadas pelas pessoas negras na sociedade.

“Quando engravidei do meu filho, eu fiquei muito, mas muito aliviada de saber que no meu ventre tinha um homem. Porque eu tinha a certeza de que ele estaria livre de passar por situações vivenciadas por nós, mulheres. Teoricamente, ele está livre, certo? Errado. Errado porque meu filho é um menino negro e liberdade é um direito que ele não vai poder usufruir se ele andar pelas ruas descalço, sem camisa, sujo, saindo da aula de futebol. Ele corre o risco de ser apontado como um infrator – mesmo com seis anos de idade”, disse.

“Quando ele se tornar adolescente, ele não vai ter a liberdade de ir para sua escola pegar um ônibus com sua mochila, seu boné, seu capuz, seu andar adolescente, sem correr o risco de levar uma investida violenta da polícia ao ser confundido com um bandido”. “No Brasil, a cor do meu filho é a cor que faz com que as pessoas mudem de calçada, escondam suas bolsas e que blindem seus carros.”

Em seguida, a atriz comparou a questão envolvendo também a temática de gênero: “A vida dele só não será mais difícil do que a minha filha. […] Quando eu penso o risco que ela corre simplesmente por ter nascido mulher e negra eu fico completamente apavorada, e meu pavor tem razão. Observando o mapa da violência no Brasil, os números são muito alarmantes.” “Temos algumas vitórias, muito poucas, mas queria ressaltar uma: o número de feminicídios contra mulheres brancas caiu 9,8%. É muito pouco para o que a gente deseja para nossas irmãs brancas, mas caiu. Já o número de feminicídios contra mulheres negras aumentou 54,8%. É ou não pra ficar apavorada?”

Redação e Agência Estado