Novo medicamento, Cobenfy, uma nova esperança no tratamento da esquizofrenia
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A Food and Drug Administration (FDA), órgão americano semelhante à Anvisa, aprovou um novo medicamento para tratar a esquizofrenia, considerado um avanço após 70 anos de inovações graduais que parece evitar os efeitos colaterais de outras medicações, que levam muitos pacientes a interromper a medicação.
O novo medicamento, Cobenfy, da Bristol Myers Squibb, tem como alvo uma área diferente do cérebro em comparação aos antipsicóticos tradicionais, aliviando sintomas como delírios sem causar ganho de peso, sonolência ou movimentos musculares involuntários.
O medicamento não está isento de efeitos colaterais. Participantes de ensaios clínicos relataram níveis mais altos de náusea, vômito e constipação em comparação ao grupo placebo. Mesmo assim, a chegada do Cobenfy oferece uma nova ferramenta para tratar a esquizofrenia — uma doença com profundas consequências sociais — além de uma classe de medicamentos prescrita há décadas.
Com base, em grande parte, do potencial do Cobenfy, a Bristol Myers Squibb pagou US$14 bilhões para adquirir a empresa que desenvolveu o medicamento, a Karuna Therapeutics, finalizando a aquisição em março. Analistas de Wall Street afirmam que os ensaios clínicos sugerem que o Cobenfy é, no mínimo, tão eficaz quanto outros antipsicóticos de grande sucesso, como Risperdal e Zyprexa, e projetam que ele possa gerar bilhões de dólares em vendas anuais.
“Este medicamento adota a primeira nova abordagem para o tratamento da esquizofrenia em décadas”, disse Tiffany Farchione, diretora da divisão de psiquiatria da FDA, em comunicado. “Esta aprovação oferece uma nova alternativa aos medicamentos antipsicóticos que as pessoas com esquizofrenia costumavam tomar.”
Diferentemente de outros antipsicóticos para tratar a esquizofrenia, a FDA aprovou o Cobenfy sem um aviso de maior risco de morte em pacientes idosos com psicose relacionada à demência. A Bristol Myers Squibb está pesquisando o potencial do Cobenfy para tratar a psicose relacionada ao Alzheimer, que não tem tratamento aprovado, entre outras condições.
“Acreditamos que o Cobenfy inaugurará uma nova classe de medicamentos e será verdadeiramente transformador em um campo que não vê inovação há décadas”, comentou Adam Lenkowsky, diretor comercial da Bristol Myers Squibb. Ele foi responsável pelo lançamento do último grande medicamento da empresa para tratar esquizofrenia, o antipsicótico Abilify, em 2002.
O Cobenfy, com lançamento previsto para outubro, terá um preço de cerca de US$ 22,5 mil por ano (algo em torno de R$ 120 mil, na cotação atual). O influente Instituto de Revisão Clínica e Econômica (ICER, na sigla em inglês) estimou que um preço compatível com os benefícios clínicos esperados para os pacientes deve estar na faixa de US$ 16 mil a US$ 20 mil por ano. Executivos da Bristol Myers Squibb dizem que a maioria dos pacientes elegíveis é coberta pelo Medicare ou Medicaid, e não precisará pagar o preço de lista.
A aprovação do Cobenfy pode proporcionar uma inovação rara para as pessoas afetadas pela esquizofrenia, uma doença que atinge cerca de 24 milhões de pessoas globalmente e pode ter efeitos drásticos sobre seus entes queridos e comunidades.
“Não houve avanços ou inovações no tratamento da esquizofrenia em muito, muito tempo”, disse Gordon Lavigne, CEO da Schizophrenia & Psychosis Action Alliance, afirmando que o Cobenfy de “potencialmente revolucionário”.
Fonte: Estadão
Photo: Bristol Myers Squibb