O café é um produto que faz parte da cesta básica. Se o preço sobe demais, claro, pesa no orçamento das famílias. E tem um outro agravante. Se, por exemplo, uma fruta ou verdura fica muito cara, a gente faz uma substituição ali no supermercado, dá um jeito na cozinha. Agora, quem está acostumado a tomar o cafezinho quentinho, todo dia de manhã, eu te garanto: não dá para trocar por chá e nem por qualquer outra bebida. Simplesmente não dá para ficar sem.
“Ele é como o arroz com feijão, dificilmente ele falta no carrinho de compras. Então, qualquer aumento em um produto que tem preferência nacional, acaba comprometendo mais o orçamento familiar. Então, significa que as famílias acabam pagando mais caro pelo produto e tendo que abrir mão de outros itens menos essenciais para ter o café na mesa todos os dias”, afirma o economista André Braz, do FGV Ibre.
Mas o que fez um pacotinho com 500 g de pó de café passar dos R$ 20 nos supermercados? O café é um produto internacional e tem o preço cotado em dólar. Aí, o câmbio puxa o preço em real para cima.
Além disso, as mudanças do clima no mundo reduziram a oferta do produto no mercado global. No Vietnã, que é o segundo maior produtor mundial, uma seca histórica e depois um tufão destruíram plantações.
O Brasil é o maior produtor e exportador. E por aqui os cafezais também estão sofrendo. Em Pedregulho e Altinópolis, no interior de São Paulo, as queimadas destruíram grande parte da lavoura em duas fazendas.
“Eu estou na fazenda há 35 anos. Esse ano é atípico, nunca vivenciamos uma seca tão drástica com temperatura altíssima”, conta o técnico em agropecuária Luís Alves Silva.
Na região de Patrocínio, em Minas Gerais, 20% da safra já está comprometida.
“Foi um ano atípico, porque dia 11 de agosto teve geada. E, agora, a gente vem há 150 dias sem chuva na região. O que a gente precisa mesmo é da chuva”, diz o produtor de café Renato Teixeira.
Fonte: O Globo