O humor fica triste com a morte da atriz Márcia Cabrita
Por Edmilson Pereira - Em 7 anos atrás 1702
O mundo ficou um pouco mais sem-graça nesta sexta-feira, quando morreu, durante a madrugada, a atriz carioca Márcia Cabrita, aos 53 anos. Comediante de grande talento, que conquistou o amor do público com a personagem Neide Aparecida, de “Sai de baixo”, Márcia vinha lutando contra um câncer no ovário, diagnosticado em 2010. Ela estava internada há dez dias, no hospital Quinta D’Or, na Zona Norte do Rio, em decorrência do agravamento da doença.
A atriz deixa uma filha, Manuela, de 17 anos. De acordo com o ex-marido, o psicanalista Ricardo Parente, com quem foi casada por quatro anos, a atriz morreu “em paz” e sem sofrer. O velório será no sábado de 10h às 13h, no Parque da Colina, em Pendotiba, Niterói. Em seguida, o corpo será cremado. A família ainda não sabe informar se a despedida da artista ficará aberta aos fãs.
Mesmo após o diagnóstico da doença, a comediante continuou trabalhando. Ela atuou na novela “Morde & Assopra”, em 2011, e fez várias participações em séries como “Vai que cola”, do Multishow, e “Pé na cova”, da Globo. Há três meses, ela precisou se afastar das gravações da novela “Novo Mundo” para cuidar da saúde. Este mês, Márcia começaria a gravar um filme baseado em “Sai de baixo”.
A atriz Cacau Protasio publicou uma foto ao lado da artista para se despedir.
“Amiga Vai com Deus, eu tive o prazer, à alegria, a sorte de trabalhar, conviver, contracenar com você, eu amo você, o céu está em festa, pois está recebendo o anjo mais lindo, você fará muita falta, nos encontramos no céu”, escreveu Cacau, com uma foto bem-humorada com a amiga.
Filha de imigrantes portugueses, Márcia Martins Alves nasceu em Niterói, no estado do Rio, em 20 de janeiro de 1964. Ao estudar artes cênicas, conheceu Luís Salem, seu parceiro durante toda a carreira. Com ele, fez uma peça infantil produzida por Aloísio Abreu, outro com quem sempre trabalhou.
Juntos, os três montaram o espetáculo “Subversões”, encenado no antigo Crepúsculo de Cubatão, em Copacabana. Na trilha sonora, paródias de hits como “Meu nome é Creuza”, versão de “Como uma deusa”, de Rosana, que acabou fazendo sucesso.
Sua primeira aparição da TV foi em 1992, na minissérie “As noivas de Copacabana”, de Dias Gomes. Fez ainda “Sete pecados” (2007), “Beleza pura” (2008) e “Morde & assopra” (2011).
Irreverente, a atriz publicava posts cômicos em suas redes sociais. Em 2015, escreveu: “Cada vez que um famosão da TV diz que ‘o bichinho do teatro me mordeu’, nasce uma espinha interna no nariz de algum diretor de teatro mundo afora.”
Em texto como colunista convidada para Revista O GLOBO, publicado em 2011 – época em que alimentava o blog “Força na peruca”, sobre sua relação com o câncer, Márcia criticou a cobrança sofrida por pessoas com a doença. “Ao contrário do que muitos fantasiam, não tirei de letra. Não sei o porquê, mas existe uma ideia estapafúrdia de que quem está com câncer tem que, pelo menos, parecer herói. Nãnãninã não! Quem recebe uma notícia dessas não consegue ter pensamentos belos. Bem… eu não conseguia. A cobrança de positividade acabou se tornando um problema. Me olhava no espelho branca, magrela e de cabelos curtinhos (antes de caírem) e me achava pronta para fazer figuração na Lista de Schindler”.