Em decisão inédita, diplomatas brasileiros aprovam indicativo de greve às vésperas da cúpula do G20

Em decisão inédita, diplomatas brasileiros aprovam indicativo de greve às vésperas da cúpula do G20

Por Edmilson Pereira - Em 4 meses atrás 81

Pela primeira vez na história do Itamaraty, diplomatas aprovam um indicativo de greve. Nesta segunda-feira (12), a Assembleia Geral Extraordinária da Associação e Sindicato dos Diplomatas Brasileiros) chancelou a decisão e um estado inédito de mobilização permanente da categoria na história do Itamaraty.

A ameaça de greve ocorre às vésperas das principais reuniões do G20, bloco presidido pelo Brasil em 2024, e escancara um mal-estar na chancelaria brasileira.

O indicativo é um aviso político. O próximo passo é convocar uma assembleia para que os diplomatas confirmem a greve. Procurado, o Itamaraty ainda não se manifestou.

De acordo com o sindicato, 95% dos presentes deram seu voto favorável. Numa nota, o sindicato indicou que “a decisão surge em resposta à contraproposta de readequação salarial apresentada pelo Ministério da Gestão e Inovação (MGI), que ficou muito abaixo das expectativas da categoria”.

De acordo com o texto, os diplomatas rejeitaram a proposta, que previa um aumento salarial não linear, com percentuais variando de 7,8% para a classe de Terceiros Secretários (TS) até 23% para os Embaixadores (Ministros de Primeira Classe, MPC), escalonados entre 2025 e 2026.

“Diferentemente de outras carreiras públicas, nas quais os servidores podem chegar ao topo salarial em pouco mais de 10 anos, diplomatas costumavam levar até 30 anos para alcançar o nível máximo da carreira”, afirmam.

“Com o aumento da idade de aposentadoria para 75 anos e uma estrutura engessada com vagas limitadas por classe, número significativo de diplomatas fica estagnado nas classes iniciais ou intermediárias da carreira”, disseram.

“Por esta razão, é grande a insatisfação nas gerações mais recentes do Itamaraty, que não têm perspectivas de desenvolvimento profissional na carreira”, alertam.

A nota aponta que, diante desse quadro de fluxo estagnado, a maior parte dos diplomatas, pertencente às classes de Terceiro Secretário, Segundo Secretário e Primeiro Secretário, ficaria com um reajuste abaixo de 16%, o que seria insuficiente para recompor as perdas inflacionárias do período recente.

“A oferta salarial foi considerada insuficiente em comparação com a proposta original da ADB Sindical, que previa um reajuste linear de 36,9%”, disse o sindicato.

“A decisão de um indicativo de greve reflete a insatisfação geral da categoria com a falta de valorização e reconhecimento da importância da carreira diplomática, em um momento em que o Brasil retoma suas ambições na política externa, sediando importantes eventos como as cúpulas do G20, do BRICS e a COP-30”, completa.

Fonte: Portal Uol

Foto: gpsbrasilia.com.br