Em processo de renegociação de dívidas com os fornecedores, Marisa fecha 5 lojas no Ceará; entenda o que está acontecendo com a empresa
Por Edmilson Pereira - Em 2 anos atrás 598
A Marisa já iniciou o plano de fechamento de 90 lojas no País este ano, anunciado no início de abril. No Ceará, a empresa já encerrou a operação de cinco unidades.
No mês de abril, as lojas do Shopping Aldeota, em Fortaleza, e do Iandê Shopping, em Caucaia, foram encerradas. Já nestes primeiros dias de maio, foi a vez das unidades do Sobral Shopping (Sobral), Cariri Garden Shopping (Juazeiro do Norte) e a loja de rua em Maracanaú.
As informações constam no balanço trimestral da Marisa, divulgado nessa terça-feira (16).
O relatório ainda demonstra que a receita líquida da empresa avançou 1,3% entre janeiro e março, enquanto o lucro bruto obteve uma alta de 6%. O desempenho resultou em um lucro líquido 64,2% maior que o mesmo período do ano passado.
“Os resultados da Companhia neste primeiro trimestre de 2023 mostram números positivos na operação de varejo, notadamente na receita e margem bruta, a despeito do cenário macroeconômico adverso com consumo retraído, importações ilegais sem a devida tributação, elevadas taxas de juros reais e restrições de capital de giro, realçando a resiliência e força da marca”, avaliou o diretor presidente da companhia, João Pinheiro Nogueira Batista.
O executivo também ressaltou que o fechamento das 91 lojas deficitárias previsto no plano de recuperação da geração de caixa e rentabilidade garantirá um aumento de EBITDA estimado de R$ 62 milhões em base anuais recorrentes.
Além disso, reforçou que o processo de renegociação de dívidas com os fornecedores e proprietários de imóveis já atingiu a expressiva marca de aproximadamente 90% dos fornecedores e 65% dos proprietários de imóveis.
“Estamos confiantes na capacidade da Companhia e de nossos colaboradores para a superação dos desafios que se apresentam e temos procurado ser absolutamente transparentes com todos nossos parceiros. A receptividade nos dá ainda mais confiança que será possível executar o plano traçado e colocar a Marisa no patamar esperado e merecido de geração de valor sustentável para todos seus stakeholder”, concluiu Batista.
CRISE VAREJISTA
O consultor e professor da Faculdade CDL, Christian Avesque, comenta que a situação da Marisa pode ser explicada por quatro fatores principais.
“Muitas empresas de médio e grande porte utilizavam linhas de financiamento de fluxo de caixa, de compra de mercadoria, de antecipação. Houve um problema muito grande, porque as linhas secaram e o fluxo de caixa ficou com menos liquidez”, explica.
O segundo fator que teria contribuído para a crise da Marisa e o fechamento das lojas são as empresas cross border, especialmente os marketplaces chineses, como Shein, Shoppee e similares.
O terceiro motivo da crise da varejista, segundo Avesque, seria uma certa inércia da própria empresa. O consultor argumenta que a Marisa ficou muito tempo sem fazer inovações ligadas à multicanalidade, que incluiria venda digital, experiência de compra híbrida, aplicativo.
Fonte: Diário do Nordeste
Foto: Divulgação