100 dias: “Governo Lula decepciona” se queixam banqueiros aliados e apoiadores do petista
Por Edmilson Pereira - Em 2 anos atrás 466
Os primeiros 100 dias do governo Lula na área econômica passaram em branco ou, pior, mostraram retrocesso em relação às promessas de campanha, na visão de grandes banqueiros de São Paulo e do Rio ouvidos pela coluna. Há elogios à apresentação da nova âncora fiscal – que deve ser enviada nesta semana ao Congresso –, mas de forma geral a sensação de frustração é verbalizada mesmo por aqueles que declararam apoio ao candidato do PT no segundo turno.
“Decepção. Prometeu um governo com menos Gleisi (Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT) e incluindo Meirelles (Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central). O governo excluiu Meirelles e tem Gleisi demais”, afirma um banqueiro. “Um pouco decepcionante para quem esperava um Lula como o do primeiro mandato. Ele me parece bem mais cansado”, avalia outro nome do setor.
Sobre a nova âncora fiscal, há dúvidas sobre a sustentabilidade do novo regime, porque ele depende, necessariamente, de um forte aumento das receitas. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem dito que quer atacar o que chamou de “jabutis tributários”– vantagens e isenções tributárias para alguns setores da economia. Ainda assim, o mercado vê o risco de alta da carga tributária.
“Melhor do que não ter (a âncora fiscal), mas mostra que teremos alta de impostos, mais gastos do governo e aumento da dívida pública”, afirma outro sócio de banco. “O Brasil não vai crescer nos próximos quatro anos, e o próximo presidente terá de fazer um ajuste fiscal”, completa. “Mais governo, menos produtividade. Mais juros e inflação do que algo que controlasse, de verdade, as despesas e a dívida pública”, prevê um alto executivo de banco. “Perdeu a chance de dar um norte econômico (principalmente fiscal) e está muito ambíguo nas relações exteriores. Em geral a administração parece estar melhor que a administração anterior”, conclui outro banqueiro.
Fonte: Revista Veja
Foto: Divulgação