Infecção viral, nova vacina contra herpes-zóster chega ao Brasil, mas só à rede privada
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Uma nova vacina contra o herpes-zóster, também conhecido como cobreiro, está disponível no Brasil ainda neste mês de junho em clínicas privadas. Chamada de Shingrix e fabricada pela farmacêutica GSK, o produto tem preço recomendado de R$ 843 por cada dose e o esquema é feito por duas aplicações , mas o valor pode variar dependendo da clínica.
Herpes zóster (CID 10 – B02), ou cobreiro, é uma infecção viral capaz de provocar bolhas na pele e dor intensa. Pode acometer qualquer região, mas é mais comum no tronco e no rosto. As lesões, geralmente, se manifestam na forma de uma faixa em um dos lados do corpo.
Além da Shingrix, a vacina Zostavax, da MSD, já era comercializada no país. Ambas podem ser aplicadas em pessoas acima de 50 anos, mas o produto da GSK também pode ser utilizado nos maiores de 18 anos que são imunossuprimidos portadores de HIV ou em tratamento de câncer, por exemplo.
Os imunizantes são indicados para esses públicos porque são os que têm maior risco de desenvolver a doença. A condição é causada pelo vírus varicela-zóster, o mesmo que provoca a catapora, que permanece em latência durante toda a vida do indivíduo infectado. Quando ele é reativado, normalmente nos mais velhos ou com o comprometimento do sistema imunológico, a pessoa pode apresentar o herpes-zóster, que em casos raros pode causar a morte.
Segundo o CDC (Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos), 1 a cada 3 pessoas no país norte-americano pode desenvolver a doença. Os riscos aumentam quanto mais velha for a pessoa. Na bula da vacina da MSD, é mencionado que nos maiores de 85 anos de idade se espera o problema de saúde em 1 a cada 2 indivíduos. Na pandemia de Covid-19, os casos da doença também aumentaram.
O principal sintoma do herpes-zóster são lesões nas peles. Lauro Pinto Neto, médico e membro da Comissão Técnica para Revisão dos Calendários Vacinais da Sbim (Sociedade Brasileira de Imunizações), diz que elas têm algumas semelhanças com as feridas vistas em casos de varíola dos macacos, porque também causam bolhas e pústulas.
“A diferença do herpes-zóster é que são lesões mais localizadas, elas não se espalham no corpo todo”, afirma.
Após essa fase aguda, a pessoa pode se curar completamente ou apresentar algumas complicações, sendo a principal delas a neuralgia pós-herpética. Esse problema causa uma dor crônica, sensação de coceira e queimação que se estende por meses ou anos.
Por ser uma condição de longo prazo, a neuralgia pós-herpética demanda um tratamento longo e caro com uso de medicamentos anticonvulsivantes. “São medicações que têm ação na terminação nervosa”, explica Pinto Neto. Além deles, podem ser adotados antidepressivos e analgésicos potentes, como opioides.
Mesmo assim, o tratamento atual não tem efeito em todos os pacientes, afirma Thiago Cunha, professor do Departamento de Farmacologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP (Universidade de São Paulo).
“E naqueles que respondem [aos medicamentos], há uma melhora bem pequena“, completa.
Cunha já pesquisa sobre como evitar que a neuralgia pós-herpética se desenvolva nos pacientes com herpes-zóster. Ele explica que o ideal é reduzir a fase aguda da doença, pois isso reduz as chances do aparecimento da dor crônica.
Fonte: Paraíba Notícia e Folha de São Paulo