Como será o amanhã? indaga médico sobre a assistência à saúde populacional no País
Por Edmilson Pereira - Em 7 anos atrás 849
Sinais inequívocos apontam que existe algo errado na assistência à saúde populacional. A nítida preferência de novos profissionais da área por segmentos que trazem, além da satisfação pessoal, a expectativa de prestígio e sucesso financeiro, nos dá uma pista. Fica evidente que atividades que envolvem novas tecnologias e insumos especiais, principalmente medicamentos, são o alvo dos profissionais.
É perfeitamente compreensível que novas técnicas e drogas custem mais caro, notadamente no lançamento e fase inicial de uso. O que não parece fazer sentido é o exagero nesse custo, muitas vezes desproporcional ao esforço econômico dispensado na pesquisa e fabricação.
Esse exagero se torna mais evidente na área de novos medicamentos destinados ao tratamento de doenças neoplásicas e autoimunes, as ditas imunobiologias.
Todos sabem que por trás deles encontramos uma indústria que, como outra atividade humana no mundo capitalista, visa obter lucro e remunerar os seus investidores. Não há nenhum pecado nisso. Porém, o cenário muda quando se obtém vantagens extraordinárias ou desmedidas no comércio ou indicação de uso desses medicamentos.
Nos últimos anos, as operadoras de saúde e o Estado têm enfrentado dificuldades no custeio desse segmento, que se agrava com a prática da judicialização da saúde. Com frequência, nos deparamos com sinalizadores que apontam para um possível “exagero” nos lucros do setor.
Recentemente, foi manchete a transação milionária da aquisição do jogador Neymar por uma equipe francesa. No meu entender, quantias incompatíveis com os valores sociais envolvidos. Em uma analogia com a saúde, circulam também manchetes em colunas nacionais sobre a transferência de um profissional médico de um hospital para outro e que recebeu de “luvas” R$ 50 milhões e terá salário mensal acima de R$ 1 milhão.
O que de fato está se pagando numa transação como essa? O notório saber do profissional? No meu entender, notícias assim devem acender sinal vermelho nos órgãos reguladores, defesa do consumidor e Ministério Público. Não será a rede D’Or que vai pagar isso, mas sim as operadoras de saúde e o Estado.
Nessa direção, não sei o que será o amanhã na saúde do Brasil.
Demóstenes Paredes Cunha Lima
Presidente do Conselho de Administração da Unimed João Pessoa