Valter Nogueira

por Valter Nogueira - 4 anos atrás

Câmara Municipal & Pilares da Democracia

A rigor, Democracia pressupõe alternância de lideranças no poder. Porém, na prática, é possível identificar o contrário, principalmente no Poder Legislativo, Brasil afora, onde a presidência das casas legislativas é, por vezes, exercida por caciques da política e ou membros de famílias tradicionais, nos âmbitos municipal, estadual e federal.

Em tempo, há um agravante: o instituto da reeleição de presidente nas casas legislativas contribuiu muito para que o poder permanecesse, por tempos, nas mãos de poucos.

Trazendo o assunto à nossa realidade, para a Câmara Municipal de João Pessoa, há casos emblemáticos bem recentes. O vereador reeleito Durval Ferreira, por exemplo, foi presidente da Casa Napoleão Laureano por cinco biênios consecutivos – dez anos.

Trago o assunto à baila para louvar a iniciativa dos 17 vereadores, que fecharam acordo para fazer a mesa diretora da Câmara, em contraponto aos veteranos que já ocuparam a presidência da Casa. Se esse acordo prosseguirá até o dia da eleição, só o tempo dirá. Mas, vale ressaltar que o revezamento no poder deve ser um dos pilares de um regime democrático.

Não é uma tarefa fácil, diga-se de passagem, manter o grupo fechado, coeso, principalmente se o espectador da cena política local olhar para o retrovisor. Isto é, ao analisar o histórico das eleições naquela Casa, onde a traição de última hora é marca indelével, é possível vislumbrar que muita água ainda vai passar por baixo da ponte no processo em curso.

Movimento

A coisa funciona como que um jogo de xadrez! Se é verdade que há o acordo dos 17, também é fato que está em curso um movimento dos vereadores ex-presidentes. E, ao final, vencerá aquele que souber, com maestria, na undécima hora, desferir o ataque preciso e decisivo, da noite para o dia, tal qual um xeque-mate.

Traição

O último exemplo de traição no processo de eleição da mesa diretora da Casa Napoleão Laureano ocorreu em janeiro de 2005, quando a então vereadora eleita Nadja Palitot era tida como a futura presidente da Câmara Municipal, com apoio do então prefeito eleito Ricardo Coutinho.

À época, o grupo liderado por Cícero Lucena, que deixava a Prefeitura da Capital, por ter perdido a eleição para prefeito em João Pessoa com o candidato Ruy Carneiro, trabalhou nos bastidos para não perder, também, a presidência da Câmara. Deu um golpe de mestre – com a ajuda da traição de Severino Paiva e Marcone Paiva – no processo eletivo em questão.

Ao final, todos sabem, Severino Paiva foi eleito presidente da Casa.

Última

A Bruno Farias, que faz política com maestria, e que é mentor do acordo, cabe o papel de liderança nesse processo, como forma de manter coeso o grupo dos 17 vereadores até o dia do pleito. Mais do que isso, deve se manter vigilante, olhos abertos, atento aos movimentos a serem promovidos pelo lado oponente.