28/07/2017 Crédito: Bárbara Cabral/Esp. CB/D.A Press. Brasil. Brasília - DF. Operação Lava Jato. Casa da propina. Casa de Bendini na QI 03 conjunto 10 casa 02 no Lago Sul.

Casa no Lago Sul, de R$ 6 milhões, era usada como QG da propina de Bendine

Por Edmilson Pereira - Em 7 anos atrás 936

Foto: Bárbara Cabral/Esp. CB/D.A Press. Brasil.

Uma casa avaliada em 6 milhões, no bairro mais nobre de Brasília, serviu de ponto de encontro para traçar todos os planos do grupo comandado pelo ex-presidente do Banco do Brasil Aldemir Bendine, no escândalo que envolve a empresa Odebrecht. A residência, de propriedade do publicitário André Gustavo Vieira da Silva, está localizada em uma esquina da QI 03, no Lago Sul, e foi usada para reuniões entre Bendine e o presidente da empreiteira, Marcelo Odebrecht, para negociar o pagamento de propina.

O ex-presidente do banco foi preso na 42ª etapa da Operação Lava-Jato, batizada de Operação Cobra, por ordem do juiz Sérgio Moro. É acusado de corrupção e lavagem de dinheiro. No pedido de prisão de Bendine, o Ministério Público descreve os passos do executivo para usar sua influência no cargo público como moeda de troca nas conversas em busca de dinheiro. A residência de André Gustavo funcionou como uma espécie de quartel-general do esquema. Lá, Bendine se reuniu com Marcelo, então presidente da empreiteira que está no centro das denúncias.

Os primeiros encontros ocorreram em junho de 2014 e o ex-presidente do Banco do Brasil pediu para a Odebrecht R$ 17 milhões. Em troca, ele permitiria a rolagem de dívida de um financiamento da Odebrecht AgroIndustrial no Banco do Brasil. Marcelo negou esse pedido meses depois, ao entender que Bendine não tinha poder de influência sobre os financiamentos da instituição bancária.

De acordo com a denúncia apresentada ao juiz Moro, ocorreram encontros presenciais na residência e ainda no prédio da sede do Banco do Brasil, em São Paulo. O local usado para reuniões é o mesmo prédio onde está localizado o escritório da Presidência da República, na Avenida Paulista. Os endereços e as datas dos encontros foram encontrados no e-mail de Marcelo Odebrecht e em documentos localizados no departamento de pagamento de propina da empreiteira. Odebrecht chamava Bendine pelo apelido de “Dida”. Já nas planilhas de propina, o gestor era chamado de “Cobra”, nome que batizou a operação que levou à sua prisão.

Na capital paulista, o executivo Fernando Reis, da Odebrecht, também participava dos encontros em que se negociava o repasse do dinheiro ilegal. Reis foi quem agendou os primeiros encontros com o publicitário André Gustavo, que resultaram nas reuniões presenciais que negociavam a propina. A Odebrecth tinha longas dívidas com a instituição bancária e por isso se interessou pelos encontros marcados em nome do presidente do BB. A dívida que Odebrecth pretendia negociar era de R$ 1,7 bilhão. A empreiteira tinha a intenção de postergar dívidas que venceriam entre 2015 e 2017.

O publicitário André Gustavo foi detido no aeroporto internacional do Recife. De acordo com o advogado Ademar Rigueira, que defende André, o empresário estava indo para sua residência, na capital federal, e a “prisão não se justifica e foi um ato precipitado”. A defesa de Aldemir Bendine apresentou extratos do cartão de crédito dele, com parcelas relacionadas à compra de passagens de ida e volta de Portugal. A prisão foi solicitada por conta do temor de uma fuga, para escapar de uma possível condenação. De acordo com os advogados, as passagens provam que “a prisão temporária solicitada pela Justiça é infundada”, pois seu cliente já tinha data de retorno ao país.

De acordo com a denúncia, os encontros presenciais e negociações de propina continuaram após Bendine assumir a presidência da Petrobras, em 2015. Ele entrou na companhia no lugar de Maria das Graças Foster, que renunciou em meio ao andamento da Operação Lava-Jato. A Polícia Federal informou que os depoimentos de Bendine, de Vieira da Silva e dos demais presos na Operação Cobra estão agendados para segunda-feira, na superintendência da corporação, em Curitiba.

Depoimento de Dilma
A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) afirmou em depoimento à Justiça Federal, de Porto Alegre, que a senadora Gleisi Hoffman (PT-PR) não participou da manutenção de Paulo Roberto Costa como diretor da Petrobras. Dilma é testemunha de defesa de Gleisi, na ação penal da Lava-Jato que investiga ela e o marido, ex-ministro do Planejamento Paulo Bernardo. Em delação premiada, Paulo Roberto Costa afirmou que a senadora recebeu R$ 1 milhão para a campanha da petista ao Senado Federal em 2010. “Ela (Gleisi Hoffmann) não participava dessa decisão. No depoimento, Dilma pontuou que o executivo foi demitido da estatal em 2011, quando Gleisi Hoffman estava no Planalto como ministra da Casa Civil.