Valter Nogueira

por Valter Nogueira - 4 anos atrás

Tempo de reflexão

Dias após o início do isolamento social, em março deste ano, confesso que fui atingindo por um sentimento de tristeza, seguido de inquietação, ansiedade. Cheguei, inclusive, a escrever sobre o assunto, dizendo que a quarentena – embora necessária – era algo triste, coisa que não combinava com o homem citadino.

Passados três meses, observo que o isolamento social é necessário para o crescimento espiritual do homem, mesmo para aqueles que se posicionaram contra a quarentena em meio à crise de saúde pública – o tempo vai mostrar que estavam errados.

A quarentena deve ser encarada como tempo de reflexão. Mas, claro, há dificuldade de aceitá-la; isso ocorre porque o homem, de quando em vez, foge do silêncio, teme a solidão.

É inegável que não estávamos acostumados e não esperávamos dar de cara com tal medida radical. Afinal, gostamos de conviver com pessoas; o homem é um ser social.

Todavia, pesa muito a questão do silêncio na hora de encarar uma quarentena. É no silêncio que nos encontramos com nós mesmos, o que nos levar a refletir sobre defeitos e erros cometidos no passado. Isso, inevitavelmente, nos remete ao sentimento de remorso.

Porém, é preciso encarar e combater o mal que habita o nosso ser, por menor que seja, para que este não tome corpo a ponto de nos dominar.  Por outro lado, combater o mal abre espaço para o cultivo do bem em nossas almas.

É comum ao homem pensar que, estando só, está sozinho. Não, nunca estamos sozinhos! Temos o nosso pensamento, o ‘eu’ espiritual, algo como que uma energia que nos preenche quando decidimos aceitar um momento de reflexão. E apenas a reflexão nos abre novos horizontes e possibilidade de mudanças.

O cristão sabe que até mesmo Jesus precisou de um momento de reflexão. Por essa razão, abandou a multidão – desculpa a rima. Ficou no deserto por quarenta dias; enfrentou a tentação, mas saiu da quarentena mais forte, e com mais obstinação.

Última

Dentro de nós há algo como que duas feras, em luta constante; uma do bem, outra do mal. Com base nessa premissa, surge a indagação: quem vence a luta?

– A fera que você alimentar mais.