por Valter Nogueira - 5 anos atrás
Cine Jaguaribe & Política
Até o final da década de 1970, o cinema reinava absoluto. A sétima arte estava entre as principais atrações da época. E, nesse segmento, a cidade de João Pessoa contava com diversas casas de exibição de películas, não só no Centro como também nos bairros – digo, nos mais movimentados. Tinha cinemas em Jaguaribe e em Cruz das Armas, por exemplo. A propósito, nesta terça-feira (5) é o Dia do Cinema Brasileiro.
No que pese o intróito, passo a discorrer não sobre filmes – fica pra outra oportunidade – , mas sim de um evento (uma turba) ocorrido no então Cine Jaguaribe. O caso, de certa forma, tem a ver com determinada situação da política.
À época, acontecia que o cinema atraia, por vezes, uma multidão ávida para ver a mais nova película. Filas de pessoas eram formadas ao longo da avenida onde estava situado o Cine. Ocorre que, como o filme era bom, as pessoas que estavam dentro do cinema insistiam em permanecer no recinto para assistir a mais uma sessão. Por essa razão, a fila continua grande do lado de fora e não tardava uma confusão estourar.
Com tal imbróglio, o dono do Cine Jaguaribe era obrigado a intervir, pois precisava de mais clientes para ganhar dinheiro, e a fila não andava. Para tanto, tinha que retirar o pessoal que insistia em permanecer na sala de exibição – pense numa confusão!
Fazendo uma analogia com a política, é o que ocorre quando um gestor consegue eleger o seu sucessor. Em pouco tempo, o fogo amigo aparece. Ou seja, o governante que sai quer manter os seus, nos respectivos cargos, enquanto que o novo gestor é pressionados por amigos mais próximos a promover mudanças. Afinal, os que estão de fora enxergam na eleição do novo chefe do poder executivo a expectativa de ocupar cargos no governo.
Assim, como quem está dentro não quer sair, e quem está fora quer entrar, começa o jogo de cabo de guerra, de queda de braço.
Para quem perde uma guerra, é inegável que o mundo desaba. Mas, como bem observou o estadista Winston Churchill , nem tudo é flores para quem vence. Entre as memoráveis frases do líder britânico da Segunda Guerra, consta esta: “Os problemas da vitória são mais agradáveis que os problemas da derrota, mas não menos difíceis”.