por Valter Nogueira - 5 anos atrás
Além do Preconceito
A Nordeste do Brasil é a segunda região mais populosa do país, com mais de 50 milhões de habitantes, atrás apenas do Sudeste, que passa dos 80 milhões. Tem a terceira maior área territorial brasileira, com 1.554.000 km². É o segundo mercado consumidor do Brasil, realidade que, a cada ano, tem atraído investidores nacionais e estrangeiros. Possui um litoral com mais de 3 mil quilômetros de extensão; metade na costa norte e, a outra,na costa leste do país.
No campo econômico, o crescimento da região tem, nos últimos anos, superado o do Brasil. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), no período de 2002-2015 a região teve crescimento de 3,3% ao ano. No mesmo período, Sudeste e Sul – regiões mais ricas – cresceram, porém, menos: 2,6% e 2,4%, respectivamente. O Brasil cresceu 2.9%.
O Nordeste, porém, não é uma região com características uniformes. Apresenta diferenças quanto ao clima, relevo, vegetação, etc. Isto é, a Região é dividida em quatro sub-regiões: meio-norte, zona da mata, agreste e sertão.
O meio-norte corresponde à faixa de transição entre o sertão semiárido do Nordeste e a região Amazônica. Inclui os estados do Maranhão e oeste do Piauí. Já o sertão é uma extensa área de clima semiárido, que compreende o centro do Nordeste. As chuvas são escassas e mal distribuídas. A vegetação típica é a caatinga e a bacia do rio São Francisco é a maior da região; a água é aproveitada para irrigação e, também, fonte de energia.
O agreste é a área de transição entre a zona da mata (úmida e cheia de brejos) e o sertão semiárido. Por sua vez, a zona da mata compreende uma faixa litorânea de até 200 quilômetros de largura que se estende do Rio Grande do Norte ao sul da Bahia. É a sub-região mais urbanizada e populosa da região. O clima é tropical úmido e o solo é fértil em razão da regularidade de chuvas. A vegetação natural é a mata Atlântica.
As características das sub-regiões nordestinas são de fundamental importância para a compreensão das relações sociais nelas estabelecidas, aspecto de grande importância que deve ser entendido, para que uma análise da região seja feita sem preconceitos e distorções.
A escritora cearense Rachel de Queiroz, em uma de suas memoráveis crônicas, intitulada ‘Nosso velho problema’, faz uma pergunta, no mínino, intrigante, mas que resume bem a força do povo da Região e o amor a este rincão: “…Dentro de situações tão severas, o que não se entende é por que o Nordeste continua tão povoado e sua gente tão teimosamente agarrada à terra…?”.