Executiva do PSDB decide adiar saída da base do governo Temer
Por Edmilson Pereira - Em 7 anos atrás 834
Apesar de uma reunião inconclusiva de mais de quatro horas da cúpula do PSDB sobre uma saída dos tucanos do governo Michel Temer, o presidente interino da legenda, Tasso Jereissati, deixou o encontro, na noite desta segunda-feira, afirmando que o desembarque do partido está acontecendo mesmo sem uma definição de seus caciques. No encontro, que teve pizza como prato principal na ala residencial do governo de São Paulo, o partido estabeleceu uma nova condição para decidir sobre se entrega a Temer os ministérios que comanda. Segundo Tasso, é preciso conhecer a posição majoritária da bancada do partido na Câmara antes de tomar uma decisão.
— Essa decisão será discutida após termos definida uma posição da bancada federal. Nós conseguimos identificar (uma tendência) na bancada na CCJ, mas não na bancada (que vai votar) no plenário — afirmou.
Entretanto, pouco antes, o líder do PSDB na Câmara, deputado Ricardo Trípoli, havia dito aos jornalistas na frente de Tasso que existe uma maioria na bancada a favor da admissibilidade da denúncia contra Temer numa votação em plenário.
— Há hoje uma maioria no sentido da admissibilidade mas não sei quantificar ainda —- disse Trípoli.
Tasso, então, admitiu que um desembarque da sigla do governo Temer está se desenhando mesmo sem uma orientação da direção do partido.
— Viemos aqui informar aos governadores o que está acontecendo na bancada federal e trocar ideias. Não há consenso. Mas o que estou observando é que o partido por si mesmo está desembarcando independentemente do controle ou da minha vontade — afirmou.
Trípoli e Tasso anunciaram para esta terça ou quarta-feira uma reunião da bancada do PSDB na Câmara para mapear a postura dos deputados tucanos na votação em plenário do relatório que virá da Comissão de Constituição e Justiça sobre a admissibilidade da denúncia contra Temer. Na CCJ, cinco dos sete deputados do PSDB votarão a favor da denúncia da Procuradoria-Geral da República.
— Na CCJ temos uma maioria, 5 a 2, pela admissibilidade da denúncia. Agora no plenário vamos convidar a bancada para uma reunião amanhã ou depois para definirmos a postura da bancada. Há hoje uma maioria no sentido da admissibilidade mas não sei quantificar ainda — disse Tripoli.
SUBSTITUTO PARA AÉCIO
Na presença do presidente afastado do PSDB, senador Aécio Neves, a cúpula tucana também acertou antecipar para agosto a eleição interna que aconteceria somente em maio de 2018. A convenção partidária escolherá o novo presidente do PSDB e demais integrantes da Executiva nacional. Tasso negou que um afastamento imediato de Aécio da presidência do PSDB tenha sido assunto da reunião.
— Não discutimos isso. Em agosto vamos fazer uma nova convenção que não vai ser só a eleição de uma nova Executiva mas vai haver ampla discussão sobre o futuro do partido — disse Tasso.
Aécio foi reconduzido ao comando do partido em dezembro passado. Ele está afastado da presidência desde que apareceu numa gravação pedindo R$ 2 milhões ao dono da JBS, Joesley Batista.
Nesta segunda-feira à noite, ele se juntou a outros 15 tucanos, entre eles o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, cinco governadores do partido, outros senadores e deputados, para discutir o racha do partido quanto ao futuro do governo Temer.