Investigada na Operação Calvário tem prisão preventiva substituída pela domiciliar

Investigada na Operação Calvário tem prisão preventiva substituída pela domiciliar

Por Edmilson Pereira - Em 5 anos atrás 999

Presa e investigada na Operação Calvário por ser a “entregadora de valores”, no esquema de desvio de verbas em hospitais públicos da Paraíba, teve a prisão preventiva substituída pela domiciliar, em desembargador Ricardo Vital de Almeida, do Tribunal de Justiça da Paraíba

Michelle Louzada Cardoso foi presa na primeira fase da operação, deflagrada no dia 14 de dezembro de 2018, pelos Ministérios Públicos da Paraíba (MPPB) e do Rio de Janeiro (MPRJ). Na mesma etapa, Daniel Gomes da Silva também foi preso, suspeito de chefiar a organização criminosa, relacionada a Organização Social Cruz Vermelha Brasileira – Filial Rio Grande do Sul, que administrou o Hospital de Trauma de João Pessoa, de 2011 até junho deste ano.

Segundo o TJ, além de ser suspeita de entregar os valores da organização, Michelle é investigada por atuar em outros eventos envolvendo o repasse das quantias a agentes paraibanos. A prisão preventiva dele foi decretada pelo desembargador Ricardo Vital, atendendo solicitação do MPPB.

A defesa pediu que a decisão fosse reconsiderada e, conforme o Tribunal, afirmou que a mulher está em “profundo estado de depressão”, em virtude do afastamento do filho. Declarou ainda que Michelle foi levada duas vezes ao hospital penitenciário para ser medicada, inclusive por uma preocupação da unidade de que ela pudesse atentar contra a própria vida.

O MPPB emitiu um parecer favorável ao pedido da defesa, com a proibição de que a investigada se ausente de casa sem autorização judicial ou mantenha contato com pessoas que não sejam os advogados ou familiares dela, que moram no mesmo imóvel. Em casos de urgência, o Juízo deverá ser informado depois.

Entenda a Operação Calvário – A Operação Calvário foi deflagrada em dezembro de 2018. Daniel Gomes foi preso suspeito de chefiar a organização criminosa, Michelle Louzada Cardoso, e outras nove pessoas detidas preventivamente, entre eles Roberto Calmom, que estava em um hotel da orla de João Pessoa. Ele é fornecedor da Cruz Vermelha.

A operação, realizada pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB) pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), investiga uma organização criminosa responsável pelo desvio de dinheiro público da saúde por organizações sociais.

No centro das atenções estão contratos da Cruz Vermelha Brasileira (CVB), filial Rio Grande do Sul, e do Instituto de Psicologia Clínica, Educacional e Profissional (IPCEP). Segundo as investigações, o prejuízo aos cofres públicos pode chegar a R$ 1,1 bilhão.

Em fevereiro de 2019 foi deflagrada a 2ª fase da Operação Calvário, quando foi cumprido um mandado de prisão contra Leandro Nunes – que era assessor da Secretaria de Administração e foi exonerado recentemente – na cidade de Itabaiana, na Paraíba.

Ainda na 2ª fase da Operação Calvário foram cumpridos mandados de prisão e de busca e apreensão nas cidades de João Pessoa e Conde, na Paraíba, e também no Rio de Janeiro.

Em reportagem do Fantástico, Leandro Nunes, ex-assessor de Livânia Farias, foi flagrado, no Rio de Janeiro,  recebendo um repasse de dinheiro dentro de uma caixa de vinho que seria usado para pagar fornecedores de campanha.

A caixa foi entregue por Michele Louzzada Cardoso, que atuava juntamente com Daniel Gomes, líder da organização criminosa, conforme o Ministério Público. Desde 2016 até agora, o grupo teria desviado R$ 15 milhões pelo país.

Nos últimos oito anos, a Cruz Vermelha e o IPCEP receberam dos cofres públicos pouco mais de R$ 1,7 bilhão em todo o país. A Cruz Vermelha é responsável pelo Hospital de Trauma de João Pessoa desde 2011, e recebeu até setembro de 2018 mais de R$ 930 milhões.

O IPCEP administra o Hospital Geral de Mamanguape e, de julho de 2014 até setembro de 2018, recebeu do estado mais de R$ 110 milhões. Em novembro de 2017, a organização social começou a atuar no Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires, em Santa Rita, e, até dezembro de 2018, recebeu pouco mais de R$ 62 milhões, segundo o Ministério Público.

A terceira fase da Operação Calvário foi deflagrada no dia 14 de março, com mandados de busca de apreensão cumpridos em João Pessoa, Sousa e Rio de Janeiro.