Preso pela PF em Salvador , ex-ministro Geddel é recolhido ao presídio Papuda, em Brasília

Preso pela PF em Salvador , ex-ministro Geddel é recolhido ao presídio Papuda, em Brasília

Por Edmilson Pereira - Em 7 anos atrás 849

O ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) foi transferido na tarde desta terça-feira (04) da superintendência da Polícia Federal (PF), em Brasília, para o Complexo Penitenciário da Papuda, localizada a 17 quilômetros do Palácio do Planalto, onde ele despachava até novembro do ano passado.

O peemedebista vai ficar detido na ala para presidiários que têm curso superior, a mesma em que o ex-deputado e ex-assessor especial do Planalto Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) ficou preso.

Na Papuda, ele dividirá a cela com outros nove presos. No local, há quatro treliches (três camas sobrepostas), com 12 lugares, no total, um dos quais ocupado pelo ex-ministro. No presídio, como os demais presos, Geddel terá direito a duas horas de banho de sol e quatro refeições por dia. As visitas são às sextas-feiras.

Um dos aliados mais próximos do presidente Michel Temer e responsável pela articulação política do Palácio do Planalto até o fim do ano passado, Geddel foi preso nesta segunda-feira (3), em Salvador, por ordem do juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara da Justiça Federal do Distrito Federal.

Ele desembarcou em Brasília, em um avião da PF, no início da madrugada desta terça. Imediatamente, ele foi conduzido pelos policiais federais para a superintendência da Polícia Federal, onde passou a noite na carceragem.

O peemedebista é suspeito de agir para atrapalhar investigações da Operação Cui Bono, que apura supostas fraudes na liberação de crédito da Caixa Econômica Federal – o ex-ministro foi vice-presidente de Pessoa Jurídica da instituição financeira entre 2011 e 2013, no governo Dilma Rousseff, e, de acordo com as investigações, manteve a influência sobre o banco público desde que Temer assumiu a Presidência em maio de 2016.

A investigação se concentra no período em que Geddel ocupou o cargo de vice-presidente da Caixa. À época, ele assumiu o cargo na cúpula do banco público por indicação do PMDB, que era sócio do PT no governo federal.

A apuração do envolvimento de Geddel com as irregularidades cometidas na Caixa foi motivada por mensagens de texto registradas em um aparelho de telefone celular apreendido na casa do então deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que está preso em Curitiba pela Operação Lava Jato.

O que diz a defesa

Após Geddel Vieira Lima ter sido preso em Salvador, o advogado Gamil Föppel – responsável pela defesa do ex-ministro – divulgou nota na qual afirmou que o mandado de prisão decretado pela Justiça Federal de Brasília é “desnecessário”.

Segundo o criminalista, há “uma preocupação policialesca muito mais voltada às repercussões da investigação para grande imprensa, do que efetivamente a apuração de todos os fatos”.

Föppel também divulgou uma nota nesta terça na qual disse que, diante dos “frágeis documentos” que serviram de base para a prisão do cliente, a medida pode ser considerada desnecessária.

“Com efeito, a representação formulada pela autoridade policial se limitou a exercício de infundadas conjecturas, sem elementos concretos que pudessem lastrear as suas suposições, o que apenas evidencia a fragorosa falta dos pressupostos e requisitos autorizadores da prisão preventiva”, declarou o advogado.

Demissão do governo

Ex-deputado e ex-ministro, Geddel Vieira Lima era um dos principais nomes do PMDB no governo Michel Temer até pedir demissão, em novembro do ano passado, depois de supostamente ter pressionado o então ministro da Cultura, Marcelo Calero, a liberar um empreendimento imobiliário em Salvador.

À época, o peemedebista negou que tivesse feito pressão sobre Calero. Mesmo assim, ele não resistiu à repercussão negativa do caso e acabou pedindo demissão.

Nesta segunda-feira, sem citar o nome de Geddel, Marcelo Calero disse no Twitter após a prisão sonhar com o dia em que, no Brasil, os “desonestos responderão por seus atos”.

Fonte: Jornal o Globo