Human brain glowing lateral view

Perda de peso está associada à atividade cerebral, revela estudo

Por Edmilson Pereira - Em 6 anos atrás 881

Human brain glowing lateral view

Além dos exercícios físicos e das dietas, o emagrecimento está associado à atividade cerebral. É o que mostra uma pesquisa realizada por cientistas canadenses, publicada na última edição da revista especializada Cell Metabolism. Os pesquisadores chegaram a essa conclusão após analisar um grupo de pessoas internadas em um spa. Com a ajuda da ressonância magnética, os pesquisadores observaram que a perda de peso dos pacientes estava diretamente relacionada a um desempenho maior de uma região cerebral ligada ao autocontrole e à diminuição na atuação de uma área neural relativa ao desejo. O estudo também mostrou o papel importante de dois hormônios na redução das medidas.

Os autores do estudo defendem que o peso corporal está sob o controle do sistema nervoso central. Os cientistas assinalam que, quando um indivíduo reduz a sua ingestão de calorias, a atividade neural dele também se modifica. “O cérebro reage de tal forma que nos tornamos mais famintos. Na pesquisa, buscamos ver os detalhes dessa resposta. Queríamos entender como o cérebro se comporta quando as pessoas seguem uma dieta”, disse ao Correio Alain Dagher, pesquisador do Instituto Neurológico da Universidade McGill, no Canadá, e principal autor do estudo.

No experimento, os pesquisadores observaram 24 pessoas internadas em uma clínica de emagrecimento. O grupo passou por exames de ressonância magnética funcional antes de iniciar uma dieta padrão (consumo de até 1.200 calorias por dia). A observação neural avaliou a atividade de diversas regiões cerebrais, mas se concentrou em duas: o córtex pré-frontal lateral, que está vinculado ao autocontrole, e o córtex pré-frontal ventral, área do cérebro relativa à motivação e ao desejo. Durante as observações cerebrais, os cientistas apresentaram aos participantes imagens de alimentos apetitosos.

A avaliação do grupo foi realizada em três momentos: no início do estudo, um mês e três meses depois. No fim, os pesquisadores compararam os resultados de cada etapa e observaram que, nas duas últimas, a atividade do córtex pré-frontal ventral, relacionado ao desejo, diminuiu mais nas pessoas que perderam mais peso. Além disso, no mesmo grupo, a atividade do córtex pré-frontal lateral, envolvido no autocontrole, aumentou ao longo do estudo. “A área de autocontrole aumentou sua atividade e a área de desejo foi atenuada justamente nos participantes que mais perderam calorias, o que mostra uma relação direta desses comportamentos neurais com o sucesso no objetivo final, de emagrecer”, detalhou Dagher. “Com isso, acreditamos que, principalmente a área do autocontrole, tem a capacidade de levar em conta informações de longo prazo, como o desejo de ser saudável, a fim de controlar os desejos imediatos”, ressaltou o autor.

Apesar dos resultados positivos vistos na pesquisa, a equipe de pesquisadores destacou que o controle cognitivo é extremamente complexo, o que exige uma observação ainda mais detalhada. “Precisamos entender se essa atividade neural vista com a redução da ingestão de alimentos está relacionada com a obesidade também. Além disso, sabemos que o peso corporal é relacionado à hereditariedade. Com isso, uma pergunta surge: os genes que causam obesidade agem no cérebro?”, indagou o autor.

Redação e Correio Braziliense