MUITO CUIDADO: Substâncias proibidas na Europa e nos EUA  usadas pela indústria de cosméticos no Brasil

MUITO CUIDADO: Substâncias proibidas na Europa e nos EUA usadas pela indústria de cosméticos no Brasil

Por Wamberto Ferreira - Em 6 anos atrás 812

Sabonete, desodorante, loção hidratante. Temos contato com vários produtos cosméticos no dia a dia – e a lista aumenta para quem é fã de maquiagem.

No entanto, a não ser que você entenda muito de química, é difícil saber exatamente o que é cada um dos ingredientes naquele rótulo de xampu que você leu durante o banho.

A fórmula dos cosméticos e produtos de higiene pessoal que usamos não é – ou não deveria ser – a mesma hoje do que era há 50 anos. Muitos dos ingredientes que eram usados livremente no passado hoje são proibidos, já que ao longo do tempo foi se descobrindo que alguns fazem mal à saúde ou causam alergias e irritações.

E como a pesquisa está sempre avançando, e há novas descobertas sendo feitas a cada minuto, a lista de substâncias consideradas nocivas tem sempre novos itens.

A União Europeia tem uma lista de mais de 1,3 mil substâncias proibidas que é atualizada de acordo com as últimas análises sobre segurança de ingredientes – é preciso provar que uma substância não faz mal para que ela possa ser usada.

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) também tem uma lista extensa de substâncias controladas, baseada na legislação europeia, mas nem sempre ela incorpora os últimos avanços imediatamente.

E ainda acontece de parte da indústria não respeitar as regras determinadas pelo órgão, apesar de poder ser responsabilizada por isso.

Entenda as controvérsias sobre alguns tipos de substâncias encontradas em cosméticos no Brasil.

Ftalatos

Ftalatos são um tipo de substância muito usada para tornar plásticos mais maleáveis, segundo o farmacêutico Diogo Oliveira, pesquisador do Laboratório Innovare da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unicamp.

Em cosméticos, eles costumam ser usados como agentes plastificante em esmaltes. “Ajudam a melhorar a cobertura e a estabilidade, para o esmalte não ficar quebradiço”, explica Oliveira. Segundo ele, eles também podem ser usados como fixadores e estabilizantes em produtos desodorantes.

O problema é que não há garantia de que eles sejam seguros.

“Há indícios de que ftalatos são disruptores endócrinos (interferem na produção de hormônios), e a exposição no longo prazo pode ter um efeito cumulativo”, explica Oliveira.

Na União Europeia, o uso intencional de ftalatos em cosméticos é banido pelo Comitê Científico para Segurança do Consumidor, comissão da UE que regula a produção de cosméticos. São aceitos apenas traços: quando a substância acaba migrando para o produto, em baixíssima concentração, por ter sido usada na embalagem.

Nos EUA, em 2003, pesquisadores do CDC (Centro de Controle de Doenças) descobriram que o público americano tinha alto nível de exposição à ftalatos.

Eles recomendaram que os efeitos da exposição à essa substâncias fossem estudados melhor, o que gerou uma série de pesquisas focadas em seu uso e publicadas nos últimos anos, incluindo um longo relatório encomendado pela Comissão para Segurança de Produtos para o Consumidor, dos EUA.

Embora sejam uma classe ampla de substância, em que nem todos os subprodutos foram estudados, foram encontrados indícios de problemas causados por mais de uma dezena de ftalatos, ligando-os a problemas de fertilidade masculina, asma, baixo QI em crianças, entre outros.

No Brasil, embora existam vários ftalatos na lista de substâncias proibidas em cosméticos da Anvisa, nem todos são vetados. O ftalato de dibutila, por exemplo, é autorizado em esmaltes em concentração de até 15% (e proibido em produtos voltados para crianças).

Formol

Os formaldeídos são um dos casos em que a legislação brasileira está em pé de igualdade com a internacional: eles são proibidos no Brasil – a Anvisa tem uma regulamentação rígida que permite seu uso apenas como conservante, em uma concentração máxima de 0,2%.

Na prática, no entanto, isso não impede que muitos fabricantes desrespeitem a legislação e coloquem no mercado produtos com concentração maior do que a permitida.

Em março a Anvisa proibiu a circulação de quatro produtos que estavam sendo comercializados com mais formol do que o permitido.

Em concentrações bem maiores do que a permitida, a substância promove alisamento em cabelo. O problema é que também tem outros efeitos: é considerado cancerígeno pela IARC (Agência Internacional de Pesquisa em Câncer).

Em altas concentrações, a substância acaba evaporando e sendo inalada durante a aplicação, e, segundo a IARC, foi comprovado que ela causa câncer nas vias respiratórias.

Por isso é importante saber a marca dos cosméticos aplicados durante visitas aos cabeleireiro e outros profissionais de beleza e garantir que seja uma em que você confia.